Estadão acha que falar em resistência à tentativa de golpe é ‘ameaçador‘. Mas apologia de golpe, como ele faz, não

publicado em 01 de abril de 2015 
PLENARIA10
por Conceição Lemes
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o último a falar no ato em defesa da democracia brasileira, realizado nessa terça-feira 31, na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da capital paulista. Seu discurso durou 46m37s (ouça-o, aqui).
Várias sindicais e de movimentares o precederam. Entre eles, Gilmar Mauro, do MST.
discursou durante 46m37" .
Em reportagem sobre o ato (na íntegra, abaixo), o Estado de S. Paulo afirma:

Durante o ato, Gilmar Mauro, líder do MST, chegou a falar em tom ameaçador numa “resistência” popular a uma tentativa de golpe. “Não haverá golpe no Brasil sem resistência popular nas ruas. Nossos movimentos não formaram covardes”, disse ele.
 “O Estadão inverte a realidade”, denuncia Antônio David, que desenvolve pesquisa de doutorado no Departamento de Filosofia da USP.
“Ou seja, para o Estadão, falar em resistência à tentativa de golpe é falar com “tom ameaçador”. Mas apologia de golpe, como ele faz, não”,  põe o dedo na ferida.
“A família Mesquita pensa que o povo é burro. Mas o povo não é burro”, diz, indignado, David. “Querem pagar para ver? Querem passar da ameaça às vias de fato? Tentem dar o golpe, e vocês quebrarão a cara”.
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Lula afirma estar indignado com a corrupção
31 Março 2015 | 22h 55
Ex-presidente reconhece ‘equívocos’ do governo, mas defende sucessora e diz que debate é solução para a ‘crise política’
São paulo – Em evento com cerca de 3 mil petistas e sindicalistas nesta terça-feira, 31, à noite, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um mea-culpa em relação aos erros do governo Dilma Rousseff na economia e disse estar “indignado” com a corrupção. Lula, no entanto, deixou claro que o motivo da crise é de natureza política, e não econômica, e conclamou os petistas a, em vez de hostilizar os manifestantes anti-Dilma, fazer o debate político de convencimento.
“Todos nós cometemos equívocos”, disse Lula. “Poderíamos ter aumentado o preço da gasolina lá em 2012”.
Depois de ouvir uma série de críticas do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, ao “tarifaço” do governo e ao “ajuste do (ministro Joaquim) Levy”, o ex-presidente também citou o aumento da conta de luz, mas defendeu a realização do ajuste fiscal e disse que “nem tudo depende da Dilma”.
Lula, que em conversas fechadas tem criticado a condução política do governo e defendido a tese de que a crise é política e não econômica, também aproveitou para mandar um recado indireto à presidente. “Se nós não errarmos na política, não vamos errar em nada.”
Direito. Depois de fazer o mea-culpa, o ex-presidente, que durante anos usou o discurso do “nós contra eles”, assumiu uma posição mais branda em relação aos protestos que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas contra o governo no dia 15 de março.
“Nós temos que ir para a rua muitas vezes, mas não temos que ficar com raiva de quem está indo contra nós. Eu, às vezes, fico irritado quando vejo companheiros dizendo que quem vai para rua contra nós são os que não prestam e nós somos os bons. Nós fomos contra Sarney, contra Collor, contra FHC, contra Geisel, contra Médici. É a primeira vez que estão indo contra nós. Eles têm direito.”
Segundo Lula, o motivo maior da insatisfação contra o governo é o fato de que as pessoas que ascenderam socialmente durante os governos petistas, hoje querem mais ou têm medo de voltar atrás. Por isso, a melhor estratégia, diz, é fazer o debate político para convencê-las dos aspectos positivos do governo. Ele citou dados de eleições perdidas pelo PT em São Paulo para argumentar que o quadro é reversível.
Para animar a militância, Lula listou manchetes negativas sobre a economia em 2003, seu primeiro ano de governo, marcado por um forte ajuste fiscal, para dizer que Dilma pode terminar o segundo mandato melhor do que ele próprio.
Além disso, o ex-presidente tentou dar base ao discurso da militância a respeito das denúncias de corrupção. Segundo ele, foi o governo do PT quem criou as ferramentas para que as fraudes fossem descobertas e punidas e, ao contrário de outros partidos que estiveram no governo, nas administrações petistas integrantes do partido foram condenados e presos. “Hoje, se tem um brasileiro indignado sou eu. Indignado com a corrupção. E tenho a certeza de que este País nunca teve ninguém com a valentia da presidenta Dilma de fazer investigação contra quem quer que seja”, disse o ex-presidente.
Gabrielli. A Plenária Nacional dos Movimentos por Mais Democracia, Mais Direitos e Combate à Corrupção, organizada também pela CUT, reuniu lideranças do PT e PC do B, movimentos sociais como Movimento dos Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Central dos Movimentos Populares (CMP). Entre os presentes estava o ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli, que dirigiu a estatal na época dos desvios investigados pela Operação Lava Jato. Ele foi elogiado por Lula e pelo presidente do PT, Rui Falcão. Na saída, Gabrielli defendeu o legado de sua passagem pela estatal e alertou para o risco de criminalização da empresa.
Durante o ato, Gilmar Mauro, líder do MST, chegou a falar em tom ameaçador numa “resistência” popular a uma tentativa de golpe. “Não haverá golpe no Brasil sem resistência popular nas ruas. Nossos movimentos não formaram covardes”, disse ele.

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