Especialista: EUA tentaram derrubar Dilma temendo fortalecimento dos BRICS

Líderes dos BRICS na sexta reunião de cúpula, realizada em Fortaleza nos dias 15 e 16 de julho de 2014

Sputnik News

Washington não se importa com os interesses das economias emergentes, considerando-as como “repúblicas das bananas”, mas já agora os institutos dos BRICS ameaçam seriamente a hegemonia do dólar, opina um historiador estadunidense.

O fortalecimento dos institutos alternativos ao Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional era previsível; o Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês) não podiam aguentar por muito tempo a falta de vontade por parte de Washington de rever o status quo na economia mundial, acha o historiador norte-americano William Engdahl. 
Na cúpula dos BRICS em Fortaleza, nota o especialista, os líderes dos cinco países criticaram duramente a política do Fundo Monetário Internacional (FMI), nomeadamente o fato de frear o  programa de reformas acordado ainda em 2010. A ausência de mudanças põe em questão a legitimidade, reduz a confiança em relação ao FMI e prejudica sua eficácia. Os líderes dos BRICS propuseram dobrar a reserva monetária do FMI em troca de aumento das quotas da China, Índia, Rússia, Brasil e outros países. 
“O fato de a França, com seus três trilhões de dólares de PIB, ou a Bélgica, com 500 bilhões, terem muito mais quotas na votação na direção do FMI do que a China, cujo PIB é cerca de 10 trilhões de dólares, é absurdo, o que os líderes dos BRICS já manifestaram …”, disse Engdahl à agência Sputnik.     
O historiador também frisa que o Congresso dos EUA recusou rever o status do Sistema Bretton Woods, liderado por Washington, e bloqueou as reformas. 
A China e uma série de outros países não podiam se resignar a tal situação e decidiram criar uma nova arquitetura financeira global, com AIIB no centro da nova estrutura, afirma Engdahl. A resposta de Washington, nomeadamente a recusa de cooperar com o banco e o apelo aos aliados ocidentais para ignorarem o novo instituto financeiro, mostra a incapacidade das elites norte-americanas de avaliar a situação de maneira adequada. Washington literalmente “deu um tiro em ambos as pés” quando escolheu o caminho de oposição dura à iniciativa de Pequim porque a maioria dos seus aliados resolveu juntar-se ao banco, que se opõe aos institutos obsoletos do Sistema Bretton Woods.    
“Quando os BRICS começaram a pretender ao papel do jogador global independente, Washington tentou jogar a antiga carta – organizar uma ‘boa velha revolução colorida’ contra a presidente do Brasil Dilma Rousseff. Mas este método já não funciona como antes”, frisa o especialista.    
Em todo o caso, opina ele, são precisamente o Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura e o Banco de Desenvolvimento dos BRICS que mais ameaçam o controle de Washington sobre os fluxos financeiros através do sistema do dólar e os institutos financeiros criados ainda em meados do século passado.


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