'Abriram-se as porteiras para a superexploração dos trabalhadores', diz Vicentinho



Deputado atribui aprovação de projeto ao crescimento da bancada pró-empresas e a redução da representação dos trabalhadores na Câmara, e alerta: 'Não dá para o povo pobre ficar votando no povo rico'
por Redação RBA publicado 10/04/2015 
ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Vicentinho
Vicentinho, durante protesto na terça (7) contra o PL 4.330, em que a PM voltou à truculência: "Firmes e corajosos"
São Paulo – Para o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), a aprovação pela Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (8), do Projeto de Lei 4.330, que amplia a terceirização, abre caminho para "precarizar, de vez, os direitos dos trabalhadores no Brasil". Em entrevista a Thelma Torrecilha, da Rádio Brasil Atual, Vicentinho diz que "infelizmente o resultado era previsível", dado o aumento do número de deputados que defendem os interesses empresariais e a redução da bancada dos deputados ligados aos trabalhadores.
"Éramos 87 deputados ligados diretamente aos interesses dos trabalhadores e, nesta eleição, caímos para 47. Deputados negros eram em torno de 12% e agora são 4%. No lugar, entraram grandes fazendeiros e grandes empresários", comentou. Ele prevê novos problemas para a classe trabalhadora durante a atual legislatura.
Vicentinho faz o alerta: "Não dá para trabalhador ficar votando em patrão. Eles têm os seus interesses, que são antagônicos aos dos trabalhadores. Não dá para o povo pobre ficar votando no povo rico".

O deputado lamenta que tenham preterido o projeto de sua autoria sobre o mesmo tema, que foi "criado a partir das instâncias da CUT, ouvindo a dura realidade dos trabalhadores" e que, segundo ele, "defendia direitos iguais para o trabalhador terceirizado e não terceirizado".
"De acordo com esse projeto aprovado qualquer empresa pode terceirizar tudo, absolutamente tudo", ressalta o deputado, que espera que o Senado faça alterações no texto, principalmente em relação à restrição da terceirização para atividades-fim, e sobre a responsabilização solidária das empresas, em que contratada e contratante respondem à Justiça simultaneamente, em caso de desrespeito aos direitos do trabalhador.
O deputado diz que essas questões também serão votadas, em destaques, na Câmara, na próxima semana. Mas, dado o resultado da votação do texto principal, Vicentinho mantém poucas esperanças de reverter o quadro.
Ouça a entrevista completa na Rádio Brasil Atual:

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