Para Janot, mortes dificultaram inquérito contra Aécio

Arquivamento de citações contra tucano resultou da ausência dos dois operadores do esquema de corrupção que repassava doações de Furnas ao PP e PSDB
/ Por Agência PT

As mortes do deputado José Janene (PP-SP) e do empresário Aírton Daré, sócio da empresa Bauruense, foram apontadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como importante “obstáculo” para evitar a abertura de um inquérito contra o senador Aécio Neves, no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A revelação foi feita por Janot aos parlamentares do PT que estiveram com ele em audiência, nesta terça-feira (31), na sede da PGR, em Brasília. Os deputados federais Odelmo Leão, Padre João e o estadual Rogério Correia (todos do PT-MG), se reuniram com o procurador-geral para apresentar provas da participação de Aécio no esquema de corrupção conhecido como “lista de Furnas”.
No início do mês de março, Janot enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de abertura de 28 inquéritos contra 54 suspeitos de envolvimento no caso de corrupção na Petrobras, descoberto pela operação Lava Jato. Deles, 47 são políticos na ativa.
“Ele (Janot) afirmou que as duas mortes surgiram para dificultar a tomada de decisão”, disse Padre João. O deputado é um dos autores do requerimento que pede ao procurador-geral que reavalie a delação premiada do doleiro Alberto Youssef e instaure inquérito contra o tucano Aécio Neves.
Segundo os parlamentares, Janot afirmou que ausência de Janene e Daré para confirmar as denúncias do doleiro tornou-se um “obstáculo” à formação de convencimento em relação à participação do político mineiro no esquema de corrupção.
“Mas a observação que foi feita na conversa é que, se os operadores do esquema estão mortos, há beneficiários vivos – como Aécio Neves. É só investigar a documentação”, relatou o deputado Padre João.
Janene morreu de uma cardiopatia grave em 14 de setembro de 2010, quando aguardava um transplante de coração. Já Aírton Antônio Daré, fundador do grupo Bauruense Tecnologia e Serviços, morreu de falência múltipla de órgãos no dia 18 de junho de 2011, no Hospital Sírio-libanês, em São Paulo.
Daré também era proprietário de uma emissora de rádio, a AuriVerde, que opera na sua cidade, Bauru, no interior paulista. Sua empresa atua no ramo de energia elétrica, com locação de máquinas, manutenção e conservação predial, além de logística de transportes e corretagem de imóveis.
As investigações do caso indicam que Daré recebeu e movimentou cerca de meio bilhão de reais de Furnas no período entre 2000 e 2005, por prestação de serviços à subsidiária da estatal federal Eletrobrás.
Aécio e Janene, de acordo com depoimentos de Yousseff na delação premiada, dividiam uma diretoria de Furnas e as propinas arrecadas pelo esquema chefiado pelo PP e o PSDB na estatal.
Novas evidências – Janot acabou optando pela desistência e o arquivamento das denúncias contra o tucano, candidato derrotado por Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 26 de outubro de 2015.
“Mas ele (Janot) reconheceu que, com os novos documentos que apresentamos – como a denúncia da procuradora Andréia Sayão à Justiça do Rio de Janeiro – vai ter de examinar as novas evidências para instaurar o inquérito”, afirmou Rogério Correia em depoimento à Agência PT de Notícias.
Os deputados Odelmo, Correia e Padre João declaram-se otimistas e esperançosos de que o procurador desarquive as citações de Aécio Neves no inquérito da Lava Jato.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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