NOME CERTO, NO LUGAR CERTO
Paulo Moreira Leite
Edinho assume SECOM com credenciais para fazer um bom trabalho numa hora de grandes dificuldades para o governo Dilma
A indicação de Edinho Silva para a SECOM pode ajudar o governo Dilma a resolver seu problemas graves na área de Comunicação.
Integrante da nova geração de dirigentes petistas, formada quando o Partido dos Trabalhadores já havia transformado o vigor das luta operárias em força política capaz de disputar o poder de Estado na sétima maior economia do mundo, Edinho foi prefeito de uma cidade média do interior de São Paulo, Araraquara, e carrega as credenciais para um bom trabalho — tem história no PT e compromisso com seu programa e seus militantes.
É capaz de manter um diálogo produtivo com correntes de várias tonalidade ideológicas. Com boa formação acadêmica, tem uma trajetória ligada a Democracia Socialista, uma das mais influentes no governo Dilma. Hoje fora da DS, é próximo de Lula e ao mesmo tempo da presidente, o que pode ser de extrema valia em momentos de luta interna e guerra de lealdades.
É capaz de manter um diálogo produtivo com correntes de várias tonalidade ideológicas. Com boa formação acadêmica, tem uma trajetória ligada a Democracia Socialista, uma das mais influentes no governo Dilma. Hoje fora da DS, é próximo de Lula e ao mesmo tempo da presidente, o que pode ser de extrema valia em momentos de luta interna e guerra de lealdades.
Edinho assume o ministério depois de ter sido tesoureiro da campanha presidencial de 2014. Teve as contas aprovadas pelo voto unânime do Tribunal Superior Eleitoral, inclusive do ministro-relator Gilmar Mendes, adversário aberto do PT nas cortes superiores. Numa debate tenso, detalhado, não se apontou nenhuma incoerência importante nas contas do partido — apenas objeções cuja motivação política era mais do que óbvia. O saldo final foi tão bom que a ausência de Edinho na primeira fornada de ministros chegou a causar surpresa.
Num partido que se mostra perplexo, incapaz de sair das cordas, diante da brutal ofensiva disparada pelos adversários após a quarta vitória consecutiva numa eleição presidencial, feito jamais obtido por qualquer força política na história da Republica, o novo ministro tem demonstrado uma visão clara dos problemas a ser enfrentados. Numa carta recente, dirigida aos militantes do partido, Edinho fez uma ponderação oportuna, de quem sabe o problema principal:
“Achávamos que a elite brasileira, insuflada por uma retomada das mobilizações da direita no continente, iria ficar assistindo nós nos sucedermos na presidência da República, consolidando o nosso projeto? (…) Achávamos que aqueles que hoje nos acusam, que também são os mesmos que armam trincheiras contra as reformas estruturais, seriam benevolentes conosco? Repito, qual a novidade?”
A decisão de colocar um ministro que é essencialmente um político — e não basicamente um jornalista — à frente da comunicação pode ajudar o governo Dilma a enfrentar a áspera disputa que, previsivelmente, irá marcar o país pelo próximos meses, quem sabe até 2018. Basta abrir os jornais e assistir ao noticiário na TV — na dúvida, consulte o Manchetômetro — para comprovar o engajamento cada vez mais aberto, mais despudorado, dos principais meios de comunicação na oposição governo.
É uma postura que faria corar a antiga executiva da Folha de S. Paulo Judith Brito, que em 2010, quando era presidente da entidade dos grandes jornais do país, admitiu que os principais veículos brasileiros tinham o dever de proteger uma oposição que definia como “fraquinha.”
É uma postura que faria corar a antiga executiva da Folha de S. Paulo Judith Brito, que em 2010, quando era presidente da entidade dos grandes jornais do país, admitiu que os principais veículos brasileiros tinham o dever de proteger uma oposição que definia como “fraquinha.”
Entre tantos nomes que passaram pela SECOM depois da posse de Lula, em 2003, cada um pode ter seu favorito. Ou mais de um.
Sempre vou homenagear o primeiro, Luiz Gushiken, obrigado a enfrentar uma pesada campanha difamatória como preço por seu esforço para garantir uma comunicação independente da pressão dos grandes veículos.
Mas em minha opinião até hoje nenhum titular do órgão demonstrou tanta compreensão do trabalho como Franklin Martins, titular entre 2007 e 2010. Jornalista de profissão, mas político durante as 24 horas do dia, Franklin levou para o Planalto a noção de que a luta na comunicação de uma sociedade não envolve questões técnicos sobre jornalismo nem sobre jornalistas mas é, acima de tudo uma disputa política. Nesse ambiente, jornais e revistas se mobilizam como instituições políticas, que tem seus próprios projetos para defender, fazendo a pauta, apuração e edição de informações conforme suas conveniências.
É disso que Edinho está falando, quando ironiza, com acidez, aqueles que aguardam um tratamento benevolente dos adversários.
Sempre vou homenagear o primeiro, Luiz Gushiken, obrigado a enfrentar uma pesada campanha difamatória como preço por seu esforço para garantir uma comunicação independente da pressão dos grandes veículos.
Mas em minha opinião até hoje nenhum titular do órgão demonstrou tanta compreensão do trabalho como Franklin Martins, titular entre 2007 e 2010. Jornalista de profissão, mas político durante as 24 horas do dia, Franklin levou para o Planalto a noção de que a luta na comunicação de uma sociedade não envolve questões técnicos sobre jornalismo nem sobre jornalistas mas é, acima de tudo uma disputa política. Nesse ambiente, jornais e revistas se mobilizam como instituições políticas, que tem seus próprios projetos para defender, fazendo a pauta, apuração e edição de informações conforme suas conveniências.
É disso que Edinho está falando, quando ironiza, com acidez, aqueles que aguardam um tratamento benevolente dos adversários.
Com modos tão educados que observadores superficiais podem confundir com timidez, Edinho Silva assume seu posto numa hora dificílima. Mas carrega credenciais que prometem um bom combate — em termos educadíssimos, como é seu estilo.
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