“Jurista” de Bush diz só com tortura se combate terrorismo. Isso vale para a corrupção, Dr. Moro?

Autor: Fernando Brito
yoo
O Doutor Sérgio Moro não se pejou de produzir, ontem, no Estadão, um artigo   – juridicamente escadaloso, porque se trata de um juiz, em meio a um julgamento sob sua responsabilidade, emitir evidente opinião condenatória, evidenciando que a defesa será uma mera formalidade – dizendo que não há maneira de combater a corrupção senão a de mudar a lei e abolir a garantia constitucional de que o encarceramento de acusados deixe de depender da confirmação da sentença de primeira instância, embora isso já até possa ocorrer, temporariamente, antes do próprio julgamento inicial.

O esparramo autoritário de Moro é tão esdrúxulo que recebe até do insuspeito Reinaldo Azevedo o nome de “mau passo da soberba”.
O Dr. Moro, já tão acusado de fazer das prisões sem culpa formada um método “Guantánamo” de obter confissões forçadas – aqui com o nome de delação premiada – , deveria ler o que aconteceu semana passada nos Estados Unidos.
John Yoo,  professor de direito da famosa Universidade de  Berkeley  e ex-procurador do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no Governo Bush, disse que “o uso da tortura é a única maneira de parar os ataques terroristas”.
“É claro que muitas pessoas na sociedade não concordar com a decisão [de usar a tortura para interrogar as pessoas], e eu sabia que quando eu estava tornando-se que seria uma decisão controversa e difícil”, disse Yoo. “Mas eu ainda acho que … ainda era a decisão certa a fazer.”
Yoo não é um despreparado. Formou-se “summa cum laude” na prestigiadíssima Universidade de Harvard.
Mas não teve dúvidas em instigar, proteger e acobertar choques elétricos, falsos afogamentos e a manutenção de pessoas indefinidamente presas, sem acusação.
Não duvido que Yoo tenha um horror imenso da brutalidade terrorista, como se deve ter da corrupção pública ou privada.
Mas Yoo, por isso, tornou-se capaz da monstruosidade de redigir os“Memorandos da Tortura”, como ficaram conhecidos os documentos que aconselharam a CIA, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e ao próprio Bush  sobre o uso de “técnicas melhoradas de interrogatório”: tormento mental e física e coerção, como a privação de sono prolongada, obrigatório em posições de stress, e afogamentos.
Em nome, claro, de combater um crime hediondo.
Os fins, Dr. Moro, não justificam os meios e aí está a esta figura para comprová-lo.

Comentários