Fernando Brito: Mercadante atira sobre Lula a culpa por seu próprio fracasso

 Autor: Fernando Brito
O que acontecia, já, na prática, foi “formalizado” hoje pelo Estadão: Aloízio Mercadante não é mais o Ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff.
Ou melhor, ainda é. Só que reduzido às funções administrativas do cargo, sem participar do núcleo de articulação política.

Mercadante defendeu sua posição o quanto pôde, inclusive tornando-se a fonte principal dos “vazamentos” de notícias e especulações do Planalto e dos supostos “pedidos” de sua própria substituição que teriam sido feitos por Lula.
Atitude que, por si só, mostra-lhe o “desapego ao cargo” e o grau de companheirismo e confiabilidade de seu comportamento.
Bem como sua miopia política, porque se prestar a criar qualquer atrito entre uma Presidenta acatada impiedosamente no presente e o maior líder da esquerda brasileira, contra o qual se voltam os tiros estratégicos do conservadorismo, para 2018, é, além de pequena, uma posição lá não muito bem provida de inteligência, a menos de alguém que já se veja querendo ser o “Marta Suplicy, Parte 2″.
Há tempos isso vem sendo apontado aqui, tanto que reaproveito a ilustração do post do início de fevereiro.
Se não fosse a proverbial teimosia de Dilma Rousseff, Mercadante teria voltado já para o MEC, vago desde a atitude pessoalmente louvável e politicamente destemperada de Cid Gomes. Mas ela fez o que não precisava fazer – negar mesmo uma minirreforma ministerial –  e pode ser que o mantenha, mesmo esvaziado, num ministério que é peça-chave de qualquer articulação política que se deseje.
Dilma precisa de auxiliares que trabalhem para recuperar, na economia e na política, um ambiente de estabilidade.
O debate ideológico, neste momento, não tem como ser travado pelo governo precocemente enfraquecido.
Cabe às forças políticas, aos movimentos sociais e aos polemistas (coisa difícil de entender para a direita, que coloca tudo a reboque de cargos e dinheiro).
Dispensam-se, neste instante, figuras ambiciosas, que não entendem que a legitimidade de Dilma tem origens nas urnas e em Lula e a de ambos num projeto de desenvolvimento nacional que só pode seguir seu rumo se tiver contrapesos à direita e à esquerda que o equilibrem.
E uma espinha dorsal que os seja capaz de equilibrar, sem se partir.

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