Exército da União Europeia: mais um sinal de impotência

10/3/2015, The SakerThe Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
                    POSTADO POR CASTOR FILHO

The Saker
Vocês com certeza ouviram falar da tentativa europeia para dar alguma relevância ao “continente”: agora inventaram de criar um “Exército da União Europeia”. [1] Em parte, é tentativa, pelos europeus, de mostrar que são importantíssimos e que sabem fazer alguma coisa sem serem mandados, que não são completamente lacaios dos EUA. Pode também ser reação às sandices do general Philip Breedlove, comandante do Supremo Comando Europeu e do Comando Aliado (dos EUA) na Europa [orig. U.S. European Command and the Supreme Allied Commander Europe (SACEUR)] cujas declarações incendiárias  valeram-lhe até resposta em várias páginas na revista Der Spiegel (circulam rumores de que os europeus querem demitir Breedlove).

Seja como for, a ideia de inventar-se algum tipo de exército europeu não é novidade – já existiram a Brigada Franco-Alemã e o Eurocorps. Tudo muito bem, mas só no papel. A realidade é que ninguém, na Europa, tem dinheiro para pagar por nenhum futuro exército da União EuropeiaMas, ainda pior, é que mesmo dentro da OTAN a contribuição europeia é praticamente nenhuma.

Para começar observem esse gráfico que mostra a contribuição de cada estado-membro da OTAN em 2013:


Claro que os EUA pagam a parte do leão, e se se acrescenta a parte do poodle britânico, a anglofatia cresce ainda mais. E não é tudo. Considerem-se os dois países seguintes (e praticamente os únicos) relevantes, Alemanha e França. Não apenas a contribuição financeira deles é muito pequena, como seus respectivos exércitos são total lástima. Russia Insider acaba de publicar excelente análise das condições atuais do exército alemãoà qual gostaria de acrescentar outro artigo, intitulado O Exército francês não tem um vintém e está com o moral abaixo de zero – que chega a conclusões semelhantes sobre os franceses em armas.

E quanto ao resto da OTAN? – vocês podem perguntar.

São piada ainda mais patética que França e Alemanha. Os únicos militares que restaram são o exército turco, que jamais aceitará participar de “exército europeu” e que, aliás, provavelmente nem seria convidado (porque os europeus ainda nem admitiram que “os muçulmanos” entrem na União Europeia, para começo de conversa!). O que resta são forças aéreas e marinhas semidecentes, mas sem reais capacidades combinadas de armas. Para concluir, a Europa inteira sempre dependeu dos EUA para inteligência, principalmente inteligência de guerra. Implica dizer que aquelas forças armadas e marinhas são, de fato, completamente dependentes do Tio Sam.

O que nos deixa com palhaços da Europa Central como Polônia e Lituânia. Para avaliar a real “contribuição” deles, basta pensar no exército da Geórgia em 2008, que foi totalmente treinado e integralmente equipado pela mesma gente que está treinando e equipando os centro-europeus.

A verdade é que ninguém na Europa tem dinheiro para qualquer coisa além de ar engarrafado, e os militares europeus só servem para esse enfatuado sacudir dos sabres, não convincente, que exibiram a Noruega ou as “forças navais” da OTAN no Mar Negro (no Mar Negro, qualquer navio é sempre alvo  fácil  para o exército russo). Vídeo a seguir mostrando o tipo de embarcações disponíveis no Mar Negro:


E, além de nada disso atemorizar ou “conter” a Rússia que, para começar a conversa, não tem qualquer intenção hostil, só contribuirá para piorar as relações, como já se viu na recente decisão dos russos de afastarem-se completamente do Tratado das Forças Armadas Convencionais na Europa [ing. CFE].

Essa mais recente iniciativa dos europeus, longe de sinalizar qualquer tipo de “despertar” europeu, é só mais uma prova da espantosa carência de capacidade política para governar, dos ‘líderes’ que estão no poder em Bruxelas e nas capitais europeias. 

Muuuuuuuuuuuuito mais importante e significativo, como demonstração de poder e de dignidade, seria simplesmente dizer “não” a qualquer das ordens que Tio Sam dá àqueles eurocretinos.

Mas isso – é pena –não acontecerá tão cedo.

The Saker
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Nota dos tradutores

[1] Ver também na redecastorphotoRacha na Aliança Atlântica. Mentiras e provocações da OTAN, 10/3/2015, Mike Whitney, Counterpunch (traduzido).

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