Camponeses paraguaios anunciam ocupação de terras em todo o país

Assunção, 27 mar (Prensa Latina) 

Depois da grande marcha de protesto realizada ontem, a Federação Nacional Camponesa (FNC) advertiu hoje que retomará a ocupação de terras improdutivas para dar oportunidade de moradia e trabalho às famílias rurais desamparadas.

A decisão da mais importante organização camponesa do país foi confirmada por sua secretária geral, Teodolinda Villalba, e pelo secretário geral adjunto Marcial Gómez, em declarações à Prensa Latina.


O plano de luta nessa direção foi também reiterado por Carlos Aguilar, outro dos dirigentes nacionais da FNC, que disse os homens e mulheres do campo estão cansados de esperar pela reforma agrária prometida sem resposta verdadeira pelo governo.

Villalba, uma combativa dirigente muito respeitada pela massa agrária, disse concretamente que as ocupações de terras dos latifúndios arrancadas da população rural se iniciarão com a iminente chegada do mês de março.

Existem atualmente 300 mil camponeses pobres sem acesso à terra, muitos expulsos das que possuíam mediante despejos e pelos cultivos extensivos dos sojeiros, grandes agroexportadores e latifundiários, afirmou.

Aguilar, por sua vez, foi concreto ao assinalar que se os sem terras não invadem propriedades, morrerão sem terra, porque o Governo não dá respostas.

Outra expressão clara dessa posição sublinhou Gómez ao assinalar que se busca pelos camponeses um novo país onde tenha reforma agrária, saúde, educação, desenvolvimento da produção agrícola nas mãos de pequenos e médios produtores e desenvolvimento industrial.

A impossibilidade de conseguir isso com o atual governo é o que converteu em outra consigna central do campesinato a demanda de renúncia do presidente Horacio Cartes junto à constituição de uma Junta Patriótica integrada por personalidades independentes e com prestígio nacional.

O reclame marca uma radicalização do grupo camponês e coincide com a retirada de todas as centrais sindicais das mesas de negociações com o governo e seu anúncio de que chamassem a uma nova greve geral ante a falta de soluções para suas demandas por parte do Executivo.

Javier Rodriguez Roque