2014 foi o ano em que Israel matou mais civis palestinianos desde o início da ocupação em 1967
Dados da ONU revelam que o 'aumento dramático de fatalidades' aconteceu após a operação 'Margem Protetora'. As detenções e a violência contra colonos também subiu.
28 de Março, 2015
Israel matou mais civis palestinianos em 2014 do que em qualquer outro ano desde que a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza começou em 1967, revelou um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) esta sexta-feira (27/03).
Intitulado "Vidas Fragmentadas", o documento atesta que a atuação israelita na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental resultou na morte de 2.314 palestinianos e 17.125 feridos no ano passado, aponta o Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários).
Os dados contrastam com as 39 mortes e 3.964 feridos palestinianos que a agência contabilizou em 2013. Para as Nações Unidas, a operação “Margem Protetora” - que aconteceu entre julho e agosto passado em Gaza - foi a grande responsável pelo aumento dramático de fatalidades.
Durante 50 dias, a ofensiva tirou a vida de 2.220 habitantes do enclave palestinianos, dos quais 1.492 eram civis, 605 eram militantes do grupo islamita Hamas e outros 123 não foram identificados. Do lado israelita, morreram 71 pessoas - militares, na sua maioria. No auge do conflito, mais de 11 mil pessoas ficaram feridas e cerca de 500 mil foram deslocadas internamente.
Para além de Gaza, houve também um aumento acentuado em mortes na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, onde 58 palestinianos foram mortos e 6.028, feridos - o maior número de mortes em incidentes envolvendo as forças de Israel desde 2007 e o maior número de lesões desde 2005.
A maioria dos incidentes ocorreu na segunda metade do ano, após o sequestro e assassinato de Mohammed Abu Jedei, o que levou a tumultos e protestos diários em Jerusalém Oriental. O palestiniano de 16 anos de idade foi sequestrado e queimado vivo em julho, após o rapto e assassinato de três adolescentes israelitas no mês anterior.
O relatório ainda nota um aumento considerável no uso das forças armadas israelitas de munição letal, que respondeu por quase todas as mortes e 18% das lesões. A respeito de prisões, o número de palestinianos mantidos em detenções administrativas israelitas subiu 24% em 2014, mas diminuiu no que respeita a crianças.
Incidentes de violência de colonos contra palestinianos aumentaram. Por outro lado, ataques palestinianos contra civis e forças de segurança israelitas também se elevaram em 2014, resultando na morte de 12 pessoas.
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