Por que O Globo e a mídia hegemônica escondem o “Suiçalão”?
O discurso da mídia hegemônica baseado na ética engana infelizmente muitas parcelas do povo, especialmente das camadas médias. O hábito de não se aprofundar nos assuntos políticos e aceitar passivamente a “verdade” da mídia produz fenômenos bizarros, pois graças ao monopólio da comunicação os contrapontos existem mas são impedidos, através de uma forte barreira econômica e política, de atingir públicos mais amplos.
Assim, um caso como o das contas de brasileiros no HSBC da Suíça, sequer chega ao conhecimento da massa ou chega de forma muito secundarizada. Experimentem indagar ao amigo do bar, que não gosta de política, sobre o caso do HSBC. Ele provavelmente fará cara de espanto e vai te perguntar se você não está falando do Lava a Jato.
O que é o Suiçalão
O mundo todo está falando no escândalo do HSBC menos a mídia brasileira. E o que é o Suiçalão? O Suiçalão é um esquema ilegal de envio de dinheiro para o HSBC da Suíça, entre 1998 e 2007. Os correntistas que usavam este “serviço” buscavam duas coisas: fraudar o fisco de seus países e principalmente esconder a origem da dinheirama, obtida na grande maioria dos casos de forma ilegal. São 106 mil correntistas e destes 8.667 são brasileiros que têm depósitos estimados entre US$ 7 e 8 bilhões.
A operação abafa da mídia
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) protocolou o pedido para a abertura de uma CPI no senado para investigar o caso. A mídia, diante de um fato com tanta repercussão, inclusive internacional, silenciou, apostando que a iniciativa não prosperaria. No entanto, nesta quinta-feira (26), Randolfe conseguiu o apoio de 33 senadores, 6 a mais do que o número regimentalmente necessário para a instalação de uma CPI. A conquista foi simplesmente ignorada. No mesmo dia, o presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou a instalação da CPI, com a leitura nesta sexta-feira (27) do requerimento do senador do PSOL, primeiro passo para sua instalação definitiva. O PSDB não assinou o pedido da CPI e a mídia abafou e abafa sua existência. O que eles temem?
Os motivos da mídia e dos seus amigos tucanos
Declarou o senador Randolfe, em entrevista ao Portal Vermelho: “o escândalo do Suiçalão tem sido sistematicamente ignorado pelos grandes veículos de comunicação e essa seletividade, por assim dizer, deixa cristalino o envolvimento de personagens poderosos, que podem sempre se servir da benevolência de setores da imprensa”. Este é o “x” da questão. A mídia sabe quem são os 8.667 brasileiros. O UOL, que pertence ao grupo Folha, confirma que tem a lista em seu poder. Mas desta vez o grupo alega que não pode divulgar os nomes de pessoas que não foram condenadas e só divulgará os de “interesse público”. Esta preocupação, que não existe quando nomes do campo da esquerda sofrem qualquer acusação, é um indício cristalino de quem deve estar na lista. A oposição do PSDB à instalação da CPI então junta todas as peças e equivale quase a uma confissão. Exigir apuração e punição dos corruptos tem que valer sempre em qualquer caso, mas para a podre comunicação empresarial o lema do “combate à corrupção” só serve de escudo para a defesa de seus obscuros projetos políticos.
O vazamento do vazamento
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e juristas eminentes, entre eles vários juízes, alertam para o perigo que representa para o estado de direito os constantes e ilegais vazamentos de processos que teoricamente correriam em segredo de justiça. Não só o vazamento existe como é seletivo, atingindo de preferência os alvos de sempre. Agora o vazamento entrou em uma nova fase: o vazamento do vazamento. O Globo, através de um dos seus colunistas amestrados, antecipa qual será o novo vazamento em notas publicadas na coluna de Ancelmo Gois nesta sexta-feira (27). A primeira tem o título: “Sobrou para Dilma”, e informa que “o que se diz na Rádio Lava-Jato é que a delação de Ricardo Pessoa, da UTC, é pior para Dilma do que para Lula”. Outra nota, logo abaixo, complementa: “o estrago maior seria a delação dos diretores da Camargo Corrêa. Aos 75 anos, a firma sabe de muita coisa”. Não é só o anúncio antecipado de um vazamento, uma espécie de vazamento do vazamento. É também uma orientação.
Merval - a mediocridade arrogante - é humilhado pelo professor Marcelo
Em sua coluna desta sexta-feira (27) em O Globo, o medíocre mas arrogante Merval Pereira diz que “a imagem do país no exterior já derreteu faz tempo”, e prevê que “fica mais próxima a perda do grau de investimento do Brasil”. Finaliza o Catão de almanaque, sentenciando que o governo não “quer ser levado a sério”. Comenta o professor Marcelo Fernandes, doutor em economia e professor da UFRRJ: “Sobre as agências que ameaçam rebaixar a nota do Brasil afirmo que elas não possuem a menor credibilidade nem para baixar, nem para aumentar a nota de ninguém. Os títulos financeiros que estiveram no centro da crise de 2008 receberam a nota mais alta (AAA) destas agências antes do início da crise. Por isso, o Brasil não deve dar a menor atenção para estas agências, seja para baixar ou aumentar a nota”. Sobre a credibilidade das agências leia também o Notas Vermelhas desta quinta-feira, (26). Prossegue Marcelo: “quanto a imagem do país, ela é péssima para quem lê muito o Merval, mas o Brasil está entre os países que mais recebem investimento externo direto. Em 2013 o país recebeu, segundo a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL), US$ 63,9 bilhões. Por último, o Merval diz que o governo não quer se levado a sério. Um comentarista que praticamente chorou na frente das câmeras quando soube que o seu candidato Aécio perdera a eleição, constrangendo seus colegas de estúdio, merece ser levado a sério?”.
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