Núcleo “tô podendo” trabalha para afastar Lula de Dilma

Autor: Fernando Brito
reidonada
A matéria da Folha, hoje, anunciando  um encontro, hoje, entre o ex-presidente Lula e a Presidenta Dilma Rousseff –  e especulando que nele a Presidenta vai fazer um mea-culpa sobre os erros de seu governo – é típica “plantação” de quem quer afastar (mais ainda)  o ex-presidente do centro da política do Governo.
Ora, para começar, não cabe, em relação a Lula, um encontro formal, de agenda, com hora para terminar, com Dilma.

Não são dois estranhos, não são duas autoridades, não é uma “audiência”.
São, até prova em contrário, dois companheiros de causa, a mulher a quem Lula, por identidade política, méritos administrativos e confiança ética, guindou à Presidência em 2010 e a quem ajudou decisivamente a reeleger-se ano passado.
Quem vai à imprensa estabelecer uma suposta (e obvia) pauta para uma conversa destas, o que quer?
Obvio que é “melar” qualquer efetividade da conversa.
É claro que Lula, até por uma postura ética, não vai dizer, sem que lhe seja pedido, como Dilma deve agir.
É claro que Dilma, até por uma questão de austeridade e liturgia do cargo, não vai pedir a Lula que lhe diga como agir.
Quem trabalha para transformar qualquer decisão presidencial em “ordem do Lula” trabalha para desmerecer e apequenar a Presidenta.
Mas, pior ainda, quem trabalha assim, sabendo que Lula não dará ordens e cria o constrangimento, está apenas pavimentando o terreno para um mais que temerário isolamento político da Presidenta.
E, claro, para ampliar assim seu próprio poder de influencia-la, pela ausência de outras vozes com peso político e experiência.
É aquela máxima do Millor Fernandes: muito mais importante que ser genial é só ter que competir com medíocres.
O ministro Aloízio Mercadante, apontado pela reportagem como comandante do “chamado núcleo duro (não seria melhor mole?)  do Planalto”, faz-me recordar uma história que vivi com o velho Leonel Brizola, quando chamou alguém de “meio mangolão” e eu lhe perguntei que diabos era isso.
- Mangolão, mangolão…Olha mangolão é aquele guri, já de doze treze anos, que anda ainda de camisolão pela casa e, um dia em que a mãe está recebendo as amigas e tomando um chá, surge no meio da sala, levanta o camisolão e diz: “mãe, olha, já tenho pentelhos!”.
Pano rápido, antes que chamem, a mim e ao Brizola, de politicamente incorretos…

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