New York Times pede “espaço de manobra” para a Grécia

O diário norte-americano frisa que “não há dúvida que o programa de austeridade provou ter imensas falhas e efetivamente tornou impossível para o país pagar a sua enorme dívida”. Personalidades como Slavoj Zizek, David Harvey e Immanuel Wallerstein lançam carta aberta na qual “exortam a liderança europeia a respeitar a decisão do povo grego”.

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“Os credores da Grécia, em especial os alemães, insistem que estão a defender princípios importantes: um país deve pagar as suas dívidas, e o sucesso de longo termo da Zona Euro depende de todos cumprirem as regras. Isto pode soar-nos bem, como princípio, mas rejeita a realidade quando o país e o euro estão em risco”, avança o The New York Times no seu editorial de 17 de fevereiro.
Lembrando que o governo grego, ao contrário do que lhe é exigido, rejeita uma extensão do programa de ajustamento, o NYT frisa que “seja o que for que a troika da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, pense que tem o direito de exigir, não há dúvida que o programa de austeridade provou ter imensas falhas e efetivamente tornou impossível para o país pagar a sua enorme dívida”.

Segundo o diário norte-americano, as propostas apresentadas pelo Syriza em Bruxelas, como o 'financiamento ponte' ou alívio do fardo dos excedentes primários (ou seja, os excedentes referentes ao pagamento dos juros), reduzindo as transferências para os credores de 4,5% para 1-1,5% do PIB, “merecem mais do que a rejeição brusca” dos parceiros europeus.
“E se alguns prazos tiverem de ser alargados e algumas premissas alteradas, não seria a primeira vez em Bruxelas”, acrescenta o NYT.
“Por mais que os ministros da Zona Euro tenham dificuldade em fazer concessões a uma nação que consideram ser irresponsável e mal agradecida, têm de ter em conta que dar alguma folga à Grécia é a única boa hipótese que têm”, remata o jornal.
A austeridade compromete o futuro da UE
Numa carta aberta reproduzida pelo Guardian, várias personalidades alertam que a manutenção da austeridade “vai comprometer o futuro da UE e trair os princípios de democracia, prosperidade e solidariedade”.
“Arrisca-se a alimentar a ascensão de forças anti-democráticas extremas na Grécia e noutros lugares”, lê-se no documento.
Os subscritores exortam a liderança europeia a respeitar a decisão do povo grego e a dar ao novo governo espaço de manobra para reverter a crise humanitária e começar a necessária reconstrução da economia devastada do país”.
A carta é assinada por Costas Douzinas, Jacqueline Rose, Giorgio Agamben, Slavoj Zizek, Lynne Segal, Gayatri Spivak, Etienne Balibar, Judith Butler, Jean-Luc Nancy, Chantal Mouffe, David Harvey, Eric Fassin, Joanna Bourke, Immanuel Wallerstein, Wendy Brown, Sandro Mezzadra, Marina Warner eDrucilla Cornell.

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