DW: Encontro com Merkel e Hollande foi construtivo, diz Kremlin

Chanceler federal alemã e presidente francês deixam Moscou. Após 5 horas de reunião com Putin, líderes se comprometem a conversar novamente no domingo para implementar acordo de Minsk, que levaria à paz na Ucrânia.
As cinco horas de negociações sobre a crise na Ucrânia entre a chanceler federal alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o presidente russo, Vladimir Putin, foram "enriquecedoras e construtivas", disse um porta-voz do Kremlin, nesta sexta-feira (06/02), em Moscou.

Os três líderes concordaram em elaborar um documento conjunto que visa implementar uma trégua. "O trabalho está em andamento para preparar o texto de um documento conjunto para a aplicação dos acordos de Minsk", comunicou o porta-voz Dmitri Peskov. Além disso, eles agendaram uma conferência telefônica, prevista para este domingo, que contará também com a participação do presidente ucraniano, Petro Poroshenko.
As informações foram confirmadas pelo porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert. "Com base numa proposta da chanceler federal da Alemanha e do presidente da França, será trabalhado um possível documento conjunto para viabilizar o acordo de Minsk", comunicou Seibert, após as negociações em Moscou.
O nunca executado acordo de Minsk, assinado em setembro, inclui um cessar-fogo, a retirada de armas pesadas das trincheiras do conflito e a criação de uma zona desmilitarizada. Além disso, ele determina o envio de observadores neutros para monitorar a trégua. Segundo Peskov, o novo documento, baseado no acordo de Minsk, deve ser complementado com propostas de Putin e Poroshenko. O porta-voz do Kremlin não quis comentar quais seriam estas adições.
Os separatistas exigem que os recentes ganhos territoriais sejam considerados no novo estabelecimento de uma linha de cessar-fogo. Eles também exigem o fim do bloqueio econômico realizado pelo governo ucraniano na região de Donbass.
Todos estes detalhes precisam ainda ser trabalhados no novo documento, explicou Peskov. "Posteriormente, este texto será apresentado para a aprovação de ambos os lados", concluiu.
Merkel e Hollande se apresentam como negociadores neutros
Em viagem decidida de última hora, Merkel e Hollande visitaram os presidentes de Ucrânia e Rússia, nos últimos dois dias. Antes dos encontros, Merkel disse que o objetivo da missão é acabar o mais rápido possível com o conflito no leste da Ucrânia. Ela reiterou que não existe uma solução militar para o conflito.
A chanceler desmentiu novamente informações divulgadas pelo jornal Süddeutsche Zeitung, segundo o qual a proposta prevê, além de um cessar-fogo imediato, a concessão de mais autonomia aos separatistas do leste da Ucrânia. Essa autonomia seria ampla e abrangeria um território maior do que o acertado anteriormente. "Como chanceler alemã, eu nunca vou passar por cima de outro país, neste caso a Ucrânia, ocupando-me com questões territoriais. Isso está fora de questão."
Além disso, ela e Hollande não se apresentam como negociadores neutros, afirmou Merkel. "Trata-se de defender os nossos interesses – alemães, franceses, principalmente europeus. Trata-se de paz, de uma ordem europeia pacífica, da sua manutenção e da autodeterminação dos povos", havia declarado Merkel, antes dos encontros, em Berlim.

Comentários