Com mídia e políticos unidos, o ridículo jamais será vencido



De O Globo
 
BRASÍLIA - Depois de Joaquim Barbosa, os partidos de Oposição decidiram cobrar explicações sobre a agenda do ministro da Justiça. Para isso, irão acionar a Comissão de Ética Pública da Presidência da República contra José Eduardo Cardozo, que manteve reuniões com advogados de empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato sem registrá-las. Líderes oposicionistas na Câmara e no Senado também se articulam para tentar aprovar a ida de Cardozo ao Congresso Nacional. Já nesta quarta-feira, eles apresentarão requerimentos de convocação do ministro em comissões temáticas. As comissões, no entanto, ainda não foram instaladas.
 
- Queremos convocar o ministro para que ele possa prestar esclarecimentos diante das versões contraditórias apresentadas até agora. Resta saber se a base aliada, que tem maioria, permitirá a convocação. Podemos chamar na CCJ ou na de Fiscalização, vou analisar regimentalmente qual a comissão mais própria _ disse o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB).
 
O senador tucano disse que a atuação de Cardozo é "absolutamente incompatível" com o exercício do cargo de ministro da Justiça.
 
- É absolutamente incompatível com o exercício do cargo, quem definiu foi o ministro Joaquim Barbosa. A presidente precisa dizer claramente ao país para quem ela governo: se é para o PT e seu projeto de poder ou se para o país. A presidente Dilma já perdeu uma enorme oportunidade na nomeação do presidente da Petrobras - disse Cássio Cunha Lima, acrescentando:
 
- Estamos diante de um visível caso de conflito de interesses. De um lado interesse do Brasil e do povo brasileiro e de outro, os interesses do governo e do PT.
 
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), propõe uma ação conjunta dos partidos de oposição na defesa da independência do processo de investigação da Lava-jato.
 
- Não cabe ao ministro trocar figurinhas com advogados de empresas investigadas pela Polícia Federal. Isso cria um ambiente das mais variadas versões. A corrente majoritária do PT já atua há algum tempo para embolar o processo da Lava-Jato e isentar petistas e aliados - criticou Mendonça Filho.
 
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse irá cobrar uma manifestação da Comissão de Ética Pública e também tentar convocá-lo à Câmara. Bueno afirmou que a gravidade dessa situação exige uma resposta imediata. Para ele, Cardozo deveria tomar a iniciativa de se demitir do cargo.
 
- Imagine a gravidade dessa situação: o ministro da Justiça envolvido com advogados de empresas questionadas e investigadas pela Polícia Federal. A que ponto chegamos, é desmoralizante para o país. Essa relação de promiscuidade do PT não tem limite para nada. O ministro da Justiça é quem deveria preservar a lei e, de repente recebe advogados de empreiteiras investigadas no escândalo da Petrobras? Todo mundo apurando e ele toma esse tipo de atitude? Ou assume uma atitude mais digna ou pede para sair do ministério, já que Dilma não demite ninguém.
 
Parlamentares do PT defenderam as reuniões feitas pelo ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) com advogados de empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato. Para o deputado Afonso Florence (BA), faz parte do trabalho do ministro receber advogados. Disse que os encontros demonstram o empenho do governo em querer o indiciamento, punição e restituição dos recursos desviados da Petrobras. Quanto a algumas reuniões não aparecerem na agenda pública do ministro, Florence afirmou que esta não é uma decisão política tomada deliberadamente para esconder reuniões.
 
- Não há uma tentativa de esconder. Muitas vezes isso nem passa pelo ministro, são circunstâncias técnicas - disse Florence. 
 
O deputado Paulo Teixeira (SP) também saiu em defesa do ministro, defendendo que quem está em sua posição tem que receber a advocacia.
 
- É um ministro que conversa com a advocacia, diferentemente do ministro demissionário do STF que não recebia os advogados para conversar. Não é justo que depois de se demitir, queira demitir ministros - disse Teixeira, sobre as declarações de Barbosa no twitter.
 
O ex-presidente do STF defendeu a demissão de Cardozo. “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a Presidente Dilma demita imediatamente o Ministro da Justiça. Reflita: você defende alguém num processo judicial. Ao invés de usar argumentos/métodos jurídicos perante o juiz, você vai recorrer à Política?”, disse o ex-presidente do STF", escreveu no microblog. Florence afirmou que já passou da hora de Barbosa "desencarnar" do posto de ministro do STF e seguir sua vida.

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