Também aqui, temos um massacre em marcha na mídia.

Autor: Fernando Brito
demissao
Poucas palavras, em inglês, são tão apropriadas para descrever situações como “fired”.
Demitido.
Porque, sobretudo a partir de certa idade e maiores responsabilidades, ficar sem emprego é ser atingido violentamente e ficar gravemente ferido em sua sobrevivência, equilíbrio e, por vezes, em sua própria dignidade.

No final do ano passado, começou uma onda de demissões nos jornais que dificilmente irá parar.
Ontem, foi em O Globo, como já havia sido na Folha, na RBS, no Estado de Minas (que, aliás, como a Abril, está vendendo seu prédio).
No jornal carioca, a navalha passou impiedosamente sobre gente que dedicou sua vida à empresa, como a editora de Rio, Angelina Nunes, e o boa-praça Agostinho Vieira e Arthur Xexéo, além de Fernanda da Escóssia, editora de política, que havia sido posta “na geladeira” durante a campanha presidencial, certamente por “baixo coeficiente de aecismo”.
Na hora de cortar, nem mesmo um programa de demissões incentivadas, nada.
Rua, já.
O “capitalismo moderno” que nossa mui digna imprensa prega, dentro de casa é assim: execução sumária.
Há, porém, um amargo traço de “modernidade” nas redações, hoje.
Em plena ditadura, demissões assim provocavam revolta nas redações e não era fácil fazer, como dizemos no meio, estes “passaralhos”, nome que dispensa explicações.
Agora é simples assim, e temos uma categoria amedrontada e sem argumentos para defender-se, porque os nomes de maior destaque no meio tornaram-se selvagemente patronais.
Não temos nem mesmo o constrangimento pesoal de um diretor de redação ter de dizer a um velho companheiro que “seus serviços não são mais necessários”.
Vai por mensagem interna, no terminal, ou por e-mail.
Assassinatos coletivos e  a sangue frio.

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