Rússia fortalece suas fronteiras no Ártico

Uma brigada de infantaria motorizada ártica, a primeira na Rússia, iniciou os preparativos para o serviço ativo na região transpolar. A decisão sobre a sua formação foi tomada há um ano pelo presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin. A nova unidade de combate é destinada a proteger os interesses da Rússia no Ártico.

Por Tatiana Tabunova, na Voz da Rússia


Soldados russos treinam no ÁrticoSoldados russos treinam no Ártico
Além de sobreviver no deserto gelado, os soldados da primeira brigada motorizada ártica aprendem a combater e a manejar as armas modernas em condições de 40 graus negativos e quando a camada de neve chega até a cintura.

O Ministério da Defesa da Rússia demorou apenas um ano para cumprir o decreto do presidente. Na aldeia de Alakurtti, nas profundezas da região transpolar russa, perto da fronteira com a Finlândia, surgiu uma nova cidadela militar onde vivem, servem e se treinam os soldados encarregados de proteger as fronteiras árticas da Rússia. Konstantin Sivkov, primeiro vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, ressalta a grande importância de na região ter sido criado um distrito militar especial.



"A Rússia tem necessidade das tropas especiais árticas porque o Ártico se caracteriza por particularidades que o distinguem radicalmente de quaisquer outros teatros de operações. As especificidades decorrem de uma capacidade operacional extremamente reduzida e de condições físicas e geográficas duras devido a baixas temperaturas e gelo", disse.

"Além disso, se trata de um teatro de operações predominantemente insular, sendo continental apenas a costa russa. Portanto, a Marinha nesta região tem enorme importância, em particular, os quebra-gelos pesados, e as unidades congêneres das Forças Terrestres e dos Fuzileiros Navais, cuja composição, equipamento e treinamento do pessoal as tornam capazes de realizar operações de combate em condições similares".

A brigada de infantaria motorizada ártica foi colocada sob as ordens do Comando Estratégico Conjunto Sever (Norte, em russo), do qual faz parte também a Frota do Norte da Rússia. Além disso, o Comando Sever obterá em 2015 as suas próprias forças de defesa antiaérea.

Quando a Rússia começou a construir um quartel apenas a 50 quilômetros da fronteira com a Finlândia – a propósito, no local de uma antiga base militar soviética –, os países ocidentais imediatamente desencadearam uma onda de pânico propagandístico. Alegadamente, a Rússia prossegue a sua política agressiva, promovendo as tropas para o oeste e norte.

Sob esta cortina, no Ártico, inclusive nas áreas de plataforma continental disputadas com a Rússia, passam quase despercebidos os exercícios militares dos países escandinavos (Suécia, Noruega e Finlândia). E são poucas as pessoas que compartilharam a preocupação de Moscou com o aumento da presença no mar de Barents da frota de submarinos nucleares dos EUA que treinam atividades operacionais no Ártico, destaca o primeiro vice-presidente da Academia de Problemas Geopolíticos, Konstantin Sivkov.

"Outros países também aumentam suas forças militares na região do Ártico. Os Estados Unidos intensificam as atividades em águas submarinas da região, admitindo mesmo incursões em nossas águas territoriais. A Força Aérea norte-americana realiza de forma ativa voos, principalmente de reconhecimento. Os EUA e o Canadá estão implantando no Alaska um sistema de defesa antimísseis conjunto. Também foi criado ali um poderoso grupo de aviação tática".

A questão, é claro, tem a ver com os ricos depósitos de recursos naturais do Ártico. E no contexto quando cada um quer pegar um pedaço do bolo, a Rússia tem de reforçar as suas fronteiras e estar preparada para defender os seus interesses no Ártico. A formação do grupo de forças armadas na região transpolar tem como objetivo, de acordo com a doutrina militar da Federação da Rússia, providenciar segurança no Ártico para o desenvolvimento sócio-econômico da Rússia, seu carácter é defensivo e de contenção.

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