Protegido de Alckmin é acusado de fraudes, corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas...
Após ser indiciado por fraude em licitação, o presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Mário Bandeira, deixará o posto. A informação foi confirmada ontem pelo novo secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, ao tomar posse. Segundo o secretário, a decisão de sair do cargo que ocupa desde 2011 foi do próprio Bandeira.
A PF concluiu pelo indiciamento dos investigados --servidores públicos, doleiros, empresários e executivos, entre os quais Mário Bandeira, atual presidente da CPTM-- por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, cartel e fraude em licitação. A Justiça Federal bateu o martelo e bloqueou, R$ 614,3 milhões de contas de sete empresas acusadas de participação na propina de trens de São Paulo.
Bandeira foi indiciado pela Polícia Federal em dezembro do ano passado. Ele está em uma lista de 33 pessoas no inquérito que apura um esquema de fraudes em licitações de trens e formação de cartel no setor metroferroviário da capital entre 1998 e 2008, quando São Paulo esteve sob a gestão de três governadores do PSDB - Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. O diretor de Operações da CPTM, José Luiz Lavorente, também é apontado pela PF. Ambos são suspeitos de terem assinado, em 2005, o aditamento a um contrato feito 10 anos antes com o Consórcio Ferroviário Espanhol-Brasileira (Cofesbra) - formado pelas empresas Alstom, Bombardier e CAF -, para adquirir 12 trens por R$ 223,5 milhões.
À época do indiciamento, o promotor do Ministério Público de São Paulo Marcelo Milani defendeu o afastamento do cargo. Na ocasião, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu Bandeira e afirmou que os fatos deveriam ser analisados com cuidado, já que se tratava de um servidor com mais de 40 anos de carreira e "respeitado".
Denúncia
Em outubro de 2013, o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, em depoimento de delação premiada à Polícia Federal, detalhou um esquema de conluio para obtenção de contratos no metrô e na CPTM. Doleiros, empresários e executivos de multinacionais, como Alstom, Siemens, Bombardier, Mitsui, CAF e Ttrans, são investigados por pagamento de propina para obter vantagem nos contratos. Os 33 nomes foram indiciados pela PF pelos crimes de corrupção passiva, ativa, formação de cartel, lavagem de dinheiro, crime licitatório e evasão de divisas. O ex-diretor da CPTM João Roberto Zaniboni também é acusado de ter recebido propina. Apenas em uma conta secreta na Suíça, Zaniboni tinha US$ 826 mil. Diante do esquema, a Justiça mandou bloquear cerca de R$ 60 milhões.
O caso em que Bandeira e Lavorente foram indiciados não estava nos contratos delatados pelo diretor da Siemens, mas ainda assim foi identificado como alvo de fraude pela PF. Em nota, os integrantes da CPTM se defenderam e afirmaram que, apesar de fechado em 1997, o contrato ainda estava vigente em 2005 e o aditivo a ele foi "extremamente vantajoso à administração". "Com 24,92 % do valor do contrato original para compra de 30 trens foram adquiridos mais 12 trens (40% do objeto do contrato original), com avanços tecnológicos em relação aos anteriores", dizia a nota à época.
Por: Helena - no blog Os Amigos do Presidente Lula
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