Primeiras decisões de 2015: democratizar a mídia em nós mesmos

Autor: Miguel do Rosário
Kelvin-Yule
Tenho matutado uma decisão nas últimas semanas.
Trata-se de uma sugestão que os leitores vem me fazendo há tempos, mas que só agora enxergo os seus contornos revolucionários.
E talvez só agora também se encontre madura para ser implementada.
É uma maneira eficaz de iniciar um processo concreto de democratização da mídia: fazê-lo antes em nós mesmos.
Explico.

Não podemos ficar sem informação, certo?
Sobretudo informação política, insumo principal deste blog e de seus leitores.
Pois bem, então façamos o seguinte.
Vamos mudar nossos hábitos. Ao invés de colher a informação pela mídia. Façamo-lo diretamente pelas fontes primárias.
Farei uma lista do que considero Nível Básico de Informação Política Direta, ou seja, fontes primárias que nos permitirão reduzir o contato com a mídia tradicional a um mínimo possível.
Como a maioria das coisas certas, trata-se da solução mais simples que se possa imaginar.
Para evitar fontes “chapa-brancas”, ou seja, que tenham afinidade com as nossas próprias opiniões, basta acessar diretamente as páginas da oposição e de seus principais parlamentares.
1) Página Oficial da Câmara Federal.
http://www2.camara.leg.br/
Obs: Se criássemos o hábito de visitar com mais frequência o site da Câmara, e comentá-lo, contribuiremos para que ele, e outros como ele, melhorem de qualidade. É um site com bastante conteúdo. Ficaríamos surpresos com a quantidade e riqueza de projetos que a Câmara e seus inúmeros departamentos analisam e pôem em debate, em prol do nosso país.
Você pode acompanhar o trabalho de cada parlamentar, e montar boletins eletrônicos com os assuntos que mais lhe interessam.
Há uma TV Câmara, onde se pode acompanhar, ao vivo, os debates. Se desenvolvermos este hábito, saberemos quais os melhores dias e horários, onde acontecem as melhores intervenções.
Os vídeos são todos arquivados, de maneira que podemos sempre fazer pesquisas sobre o desempenho passado dos parlamentares.
2) Página Oficial do Senado.
http://www.senado.gov.br/
As mesmas observações feitas para o site da Câmara valem para o Senado.
Para não estender muito o post, vou apenas enumerar os sites políticos que podemos acompanhar mais perto, a partir deste ano. Apenas acrescento que, ao fazê-lo, estimularemos o surgimento de uma outra cultura política, e incentivaremos as instituições democráticas a aperfeiçoarem seus serviços de informação.
Para mim, é um xeque mate nos setores do Congresso que têm medo da mídia e estão fazendo o jogo dos barões. Será como dizermos à eles: ué, vocês não querem que a gente assista aos debates diretamente na TV Câmara? Não querem que acompanhemos diretamente a performance de cada candidato através da internet?
3) Página do Planalto.
http://www2.planalto.gov.br/
4) Página dos principais partidos políticos, sobretudo de dois deles, o PT, líder da base do governo e PSDB, líder da oposição.
– PT.org.br
– PSDB.org.br
6) Página da Procuradoria Geral da União – MPF.
http://www.pgr.mpf.mp.br/
7) Página da Polícia Federal.
http://www.dpf.gov.br/agencia-de-noticias/
Resumindo, monte uma listinha pessoal com algumas páginas institucionais a nível federal, outras a nível local, sem esquecer dos principais partidos que disputam o poder nestes dois universos. Escolha algumas páginas de opinião política de sua preferência.
Use um pouco de criatividade. Navegue um pouco à esmo pela internet.
Pronto, estará bem melhor informado do que um indivíduo lendo um jornalão convencional e seus colunistas raivosos.
Melhor também do que se informar apenas pelas redes sociais.
Mas as redes sociais são fundamentais, é claro. Na verdade, elas são a principal ponta-de-lança contra a mídia corporativa e familiar.
Montar uma conta de twitter sintética, racional e variada, é uma forma bastante simples de se manter bem informado.
Eu mesmo vou começar a fazer mais isso, a reduzir minha atenção dada à grande mídia e me concentrar mais em discutir a partir das fontes primárias de informação.
Vamos começar a democratizar a mídia de uma maneira que os advogados da concentração, no legislativo, nas empresas, nos partidos e nos governos, não poderão jamais impedir: usando a nossa liberdade.
Claro que isso não basta. A democracia da mídia terá de ser discutida no congresso e implementada pelos governos, mas enquanto isso não acontece, a gente pode contribuir para a formação de uma nova cultura política e uma nova cultura de informação.
Quanto mais acessamos a informação via fonte primária, mais pura e menos manipulada pelos interesses políticos, tanto os interesses dos governos quanto da oposição, será a nossa informação.
Esta me parece uma estratégia, inclusive, supra-ideológica.
Vale para a esquerda e para a direita, coxinhas, comunistas, social-democratas, reacionários, revolucionários, moderados, para todo mundo.
A concentração da mídia não prejudica apenas a esquerda, mas o processo democrático como um todo.
Essa estratégia nos libertará da desnecessária tortura de engolir as mentiras e manipulações diárias da nossa mídia.
Talvez ela nos poupe algum tempo, que podemos usar lendo mais livros, assistindo mais filmes, ou simplesmente não fazendo nada.

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