Destaques da agenda internacional na semana de 11 a 18 de janeiro

É impossível deixar de perceber que o preconceito anti-islâmico ganha cada vez mais corpo através da Europa. Atentados em Paris agravaram esse cenário.

Flávio Aguiar, de Berlim
Le Monde


França

A série de manfestações na França e em outras cidades europeias realizadas no domingo, 11 de janeiro, vai repercutir durante a semana. Na França, foram 3,7 milhões de manifestantes. Em Paris, um número estimado entre 1,5 e 2 milhões, na maior manifestação de caráter político que já houve na capital francesa desde a sua liberação pelos Aliados em agosto de 1944.
 

Houve várias manifestações dentro da manifestação. Na comissão de frente, durante uma meia hora, marcharam diversos representantes do “establishment” europeu, de Mariano Rajoy a David Cameron, com François Hollande ao centro, de braço dado com Angela Merkel. Pelos lados, Jean-Claude Juncker, Nicolas Sarkozy, Ed Milliband, dentre outros. Cena inusitada: na mesma linha, embora separados por uma conveniente distância, Benyamin Netanyahu e Muhammad Abbas. Marine Le Pen não foi convidada, mas de momento é quem mais lucra com o clima de hostilidade criado em relação ao islamismo.
 
No corpo da manifestação, esforços sinceros para fazê-la ecumênica, isto é, impedir que se transformasse numa demonstração de preconceito anti-islâmico. É impossível, no entanto, deixar de perceber que este preconceito ganha cada vez mais corpo através da Europa.

Alemanha

Houve esforços concentrados, inclusive do governo, para impedir que o movimento PEGIDA realizasse sua tradicional manifestação anit-islâmica, sempre às segundas-feiras, na cidade de Dresden. No fim de semana, 35 mil pessoas protestaram em Dresden contra o PEGIDA, quase o dobro da última manifestação deste movimento (18 mil, em 5/01). Em Hamburgo, um jornal (Hamburger Morgen Post) que estampou caricaturas do profeta Maomé publicadas no Charlie Hebdo foi atacado a pedradas e com uma bomba incendiária, que não causou vítimas, apenas prejuízos menores.

Nigéria

Há perplexidade diante da nova tática do grupo Boko Haram, agora acusado pela morte de pelo menos 500 pessoas no norte do país ( algumas estimativas falam em 2000). No fim de semana uma menina de 10 anos portava bombas no corpo quando foi detida por uma patrulha de segurança. As bombas explodiram, matando várias pessoas, inclusive, é claro, a menina. Dois dias depois numa cidade próxima uma bomba explodiu num café, matando algumas pessoas e ferindo 26. Entre os cadáveres, estavam o de duas meninas também de dez anos, suspeitas de terem levado as bombas no próprio corpo. Esta nova tática do Haram, se confirmada, mostraria uma escalada sem precedentes na prática de violência neste contexto.

Eleições na Europa

O clima eleitoral esquenta na Europa. O Syriza mantém seu favoritismo na eleição grega, com algo em torno de 27/28% das intenções de voto. Para desespero da ortodoxia, Antonis Samaras, o atual primeiro ministro, do conservador Nova Democracia, promete “aliviar a austeridade”, na tentativa de neutralizar o Syriza de Alexis Tsipras que, por sua vez, vem amaneirando o discurso para viabilizar sua eleição e a perspectiva de formar um governo. No Reino Unido David Cameron anuncia que a eleição do Labour será uma catástrofe financeira para o país. Na Croácia, a conservadora Kolinda Grabar-Kitarovic derrotou o social democrata Ivo Josipovic por 50,4 a 49,6% dos votos.

Ucrânia

Esta marcada uma conferência de cúpula sobre a Ucrânia na quinta-feira, 15, no Cazaquistão. Devem participar os e as governantes da Alemanha, da França, Alemanha, Rússia e da própria Ucrânia. Entretanto no momento paira uma incerteza sobre a sua realização.depois de uma conversa algo áspera entre a chanceler Angela Merkel e o presidente russo Vladimir Poutin pelo telefone.

Anita Ekberg

Aos 83 anos de idade morreu a atriz, modelo e miss sueca AnitaEkberg, deixando órfãos milhões de fãs de seus filmes e desfiles, inclusive do imortal “La Dolce Vita”, de Federico Fellini.




Créditos da foto: Le Monde

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