Agenda internacional da semana: 4 a 11 de janeiro de 2015

A semana começa com uma escalada na tensão entre a Autoridade Palestina e o governo israelense nos planos jurídico internacional, político e econômico.

Flávio Aguiar, de Berlim
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Israel x Palestinos

A semana começa com uma escalada na tensão entre a Autoridade Palestina e o governo israelense nos planos jurídico internacional, político e econômico. Depois de ver derrotada a proposta de estabelecer um prazo no Conselho de Segurança da ONU para a retirada de Israel dos territórios ocupados desde a guerra de 1967, a Autoridade Palestina assinou o protocolo do Tribunal Internacional de Haia.

 
O movimento, contrariando os Estados Unidos e Israel, pode significar que este último venha a julgamento por crimes de guerra, inclusive pela ocupação de territórios palestinos, contrariando resolução da ONU. Em represália, o governo de Israel deixou de repassar mais de 100 milhões de dólares que coleta em impostos para a AP, e que são a principal fonte de receita desta. Isto podelevar a AP à bancarrota, com resultados danosos inclusive para Israel, pois o governo de Tel Aviv teria de assumir serviços de infra-estrutura e de segurança que a AP ficaria impossibilitada de propiciar.
 
Além disto, uma desagregação da AP beneficiaria o Hamas, que Israel e os EUA têm na conta de grupo terrorista. Há pressões mesmo dentro do governo de Israel para que este retome os repasses. A situação não é inédita, já tendo ocorrido no passado. Ao mesmo tempo, o governo de Bibi Netanyahu está pressionado pelas eleições antecipadas de 17 de março, em pode perder a maioria para uma coligação liderada pelos trabalhistas. O partido Yisrael Beteinu, do chanceler Avigdor Lieberman está perdendo votos devido a acusações de corrupção. Estes votos, sobretudo de imigrantes russos, podem migrar para o Likud de Netanyahu.
 
Grécia
 
Toma corpo a campanha para as próximas eleições gerais de 25 de janeiro. O Syriza, liderado por Alexis Tsipras, mantém a dianteira como favorito. Entretanto dificilmente terá maioria sozinho. Cresce a pressão de vários lados do “establishment” europeu em favor do atual primeiro ministro Antonis Samaras e pela manutenção dos planos de austeridade, a que o Syriza se opõe. O atual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deu declarações em favor de Samaras e contra Tsipras. Há ameaças de “excluir” a Grécia da Zona do Euro e até da União Europeia caso o Syriza vença.

Reino Unido

Embora as eleições gerais sejam previstas apenas para 7 de maio, a campanha já começou. O governo do primeiro-ministro David Cameron está pressionado pela esquerda e pela direita. À esquerda (denominação muito relativa, no caso), o Partido Trabalhista (Labour) está em vantagem. Poderia fazer uma coalização com os Liberal-Democratas. À direita, o UKIP (United Kingdom Independence Party), anti-imigrantes e anti-União Europeia, vem roubando votos e quadros dos Conservadores de Cameron. A discussão vai se centrar também em questões de orçamento, pois o ministro das Finanças de Cameron, George Osborne (chamado de Chanceler) deu declarações polêmicas no fim do ano anunciando novos cortes atingindo progamas sociais, aposentadorias, segundo a receita ortodoxa.

Alemanha

Há polêmica dentro da coalização governamental, do lado dos partidos ligados à Chanceler Angela Merkel. Esta, ao findar o ano, deu declaração pedindo que os alemães se afastem do movimento Pegida, anti-imigrantes e de extrema-direita. Dias depois o líder da CSU (União Social Cristã) e primeio-ministro da Baviera, Horst Seehofer, deu outras declarações pedindo o endurecimento das leis contra o acesso de imigrantes e refugiados econômicos e políticos, num movimento que provocou o repúdio até por parte da Igreja Católica alemã, seguindo a orientação do Papa Francisco I que recentemente condenou o modo como a U. E. trata os imigrantes e refugiados, considerando-o discriminatório. O caso vai provocar marola dentro do governo.

Estados Unidos

A partir de terça-feira o Congresso norte-americano abre sua sessão de 2015, com maioria republicana em ambas as casas. Espera-se uma oposição renhida a tudo o que o governo Obama proponha. Na agenda estarão a questão dos imigrantes, o restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba, o possível levantamento do bloqueio econômico contra a ilha, o fechamento da prisão de Guantánamo, os planos de saúde ligados ao chamado "Obamacare", o acordo com a China sobre emissões de carbono, dentre outros.






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