Agenda internacional da semana: 25 de janeiro a 1º de fevereiro

A vitória do Syriza na Grécia, liderado por Alexis Tsipras, excedeu as expectativas, mas não foi suficiente para garantir ao partido a maioria absoluta.

Flávio Aguiar, de Berlim
Arquivo

Grécia

A vitória do Syriza, liderado por Alexis Tsipras, excedeu as expectativas, mas não foi suficiente para garantir ao partido (Coilgação da Esquerda Radical) a maioria absoluta e um governo solo. O Syriza obteve 36,34% dos votos; como partido mais votado, ganhou mais 50 cadeiras, conforme a lei grega, ficando com 149 cadeiras em 300 no Parlamento, duas a menos do que 151 (50% 1).  Entretanto já na segunda-feira anunciava-se a formação do novo governo, com o Partido dos Gregos Independentes (Anel), que ficou com 4,75% dos votos e 13 cadeiras.

 
O Anel é um partido formado por dissidentes do Nova Democracia, de direita, e do Partido Socialista (Pasok), de centro-esquerda, tendo como objetivo comum (como o Syriza) a revisão dos planos de austeridade que têm devastado a economia do país e levado seu povo a conbdições de pobreza e desemprego que há muito não se via na Europa. Outros partidos no Parlamento: Nova Democracia, 27,81% e 76 cadeiras (deve liderar a oposição); Aurora Dourada (de extrema-direita), 6,28% e 17 cadeiras; To Potami (anti-corrupção), 6,05% e 17 cadeiras; Partido Comunista (KKE, dificilmente comporia com o Syriza porque neste há várias tendências definidas como trotskistas), 5,47% e 15 cadeiras, e o Pasok, 4,58% e 13 cadeiras.
 
As reações pela Europa afora oscilam entre o despeito e o ceticismo do establishment ortodoxo e a euforia da esquerda, sobretudo na Espanha (Podemos), na Alemanha (Linke), mas também na Irlanda, na França e na Itália.
 
Tecnicamente o Syriza e a Troika (Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia), mais os credores privados,  têm até 28 de fevereiro para chegar a um novo acordo sobre a dívida grega com a “ajuda” recebida, que já chega  a 240 bilhões de euros, contra uma dívida de 375 bi, equivalente a 175% do PIB. Os mais céticos ou mais despeitados prevêm a saída da Grécia da zona do euro, ou talvez até da União Europeia, o que não é sustentado pelo Syriza e seria um desastre para ambas as partes. A Grécia aprofundaria de imediato a condição de penúria e a União Europeia apresentaria uma primeira rachadura de consequências imprevisíveis, num momento em que a extrema-direita e os eurocéticos crescem por toda parte. A maior resistência a uma reestruturação da dívida grega virá do Banco Central Alemão e da Finlândia.

Ucrânia

A beligerância declarada volta ao leste do país. Os separatistas tinham anunciado uma ofensiva sobre Mariupol, porto dominado pelo chamado Batalhão Azov, de extrema-direita. Entretanto um míssil que caiu sobre a cidade, provavelmente disparado pelos rebeldes, provocou a morte de 30 pessoas e ferimentos em centenas, o que fez o líder dos separatistas, Alexander Zekharchenko, detrerminar a supensão da ofensiva. Há acusações de parte a parte sobre o lançamento do míssil, bem como a Rússia e a União Europeia continuam a trocar acusações sobre a deflagração da violência.

Egito

O fim de semana foi conturbado em várias cidades egípcias, por ocasião do 4º. aniversário da queda de Hosni Mubarak. Houve manifestações de ruas em várias delas, e os confrontos com a polícia deixaram até o momento um saldo negativo de 17 mortos e centenas de feridos e detidos.

Estado Islâmico

O EI anunciou a execução de um dos dois reféns japoneses que tinha em seu poder. O morto, Haruma Yukawa, trabalhava com segurança e tinhan uma trajetória controversa, incluindo até uma tentativa de suicídio. O outro refém, ainda vivo, Kenji Goto, é um renomado jornalista no Japão. O EI pedia 200 milhões de dólares como resgate de ambos. O primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, declarou que não contribuirá para o pagamento do resgate e que o país continuará com seus compromissos políticos internacionais com os países que combatem o EI.

Boko Haram

O grupo lançou uma nova ofensiva no nordeste da Nigéria, sobre a cidade de Maiduguri. Há notícias de 200 mortos, entre estes um grande número de militantes do grupo. O secretário de Estado norte-americano John Kerry está em visita ao país, mantendo conversaçòes com o presidente Goodluck Jonathan tendo em vista a realização pacífica das eleiçòes previstas para 14 de fevereiro.

Filipinas

Há uma ofensiva do exército na província de Maguindanao contra rebeldes muçulmanos que, no entanto, deixaram um saldo até o momento de 43 mortos do lado das forças do governo. Estas anunciaram a possível morte de Zulkifli bin Hir, um dos rebeldes mais procurados no país.

Índia

O presidente norte-americano Barack Obama está em visita oficial à Índia, tendo se reunido com o primeiro-ministro Narendra Modi. Na pauta estiveram temas como a cooperação em matéria de segurança nuclear, investimentos na produção de material militar, o aquecimento global, além das relações comerciais entre os dois países. O presidente norte-americano tenta se colocar como elemento chave para um novo equilíbrio na região, de pois de fazer um acordo considerado histórico com a China sobre a diminuição de emissões de gás carbônico para a atmosfera. Na segunda-feira Obama assistiu ao desfile militar comemorativo ao “Dia da República”, 26 de janeiro de 1950, quando foi adotada a nova constituição que coroou o processo de independência do país, sendo o primeiro presidente dos Estados Unidos a estar presente em tal cerimônia.

Argentina

Prosseguem as investigações sobre a morte do promotor Alberto Nísman, um caso para Agatha Christie e seu inspetor Poirot. Nenhuma hipótese está descartada: assassinato, sucídio ou suicídio induzido. No fim de semana o diário El Clarín, de oposição, divulgou uma notícia de que o tiro disparado contra a cabeça de Nísman teria sido disparado de uma distância de 15 a 20 centímetros, o que descartaria a hipótese de um suicídio. Mas a versão foi desmentida pelos investigadores, que anunciaram ter sido o disparo feito de uma distância menor do que a de um centímetro, o que reforça a hipótese de suicídio ou suicídio induzido, sem descartar completamente a hipótese de assassinato, embora não haja até lo momento qualquer indício da presença de alguém mais na residência no momento da morte do promotor. Há informes divulgados pelo jornal Página 12 de que as supostas provas aventadas por ele, sobre a participação da presidenta Cristina Kirchner e do seu ministro de Relações Exteriores numa eventual tentativa de encobrir a participação iranianos no atentado contra a organização israelita AMIM em 1994, seriam inconsistentes. 

Auschwitz

No dia 27 de janeiro, terça-feira, comemora-se o 70º. aniversário da liberação do campo de concentração de Auschwitz/Birkenau pelo Exército Vermelho, durante a Segunda Guerra Mundial.

Mau tempo

Enquanto os países continentais da Europa Ocidental desfrutam de temperaturas consideradas relativamente altas para esta época do ano, o Reino Unido prepara-se para a ocorrência de temperaturas muito baixas e nevascas intensas, sobretudo na Escócia.




Créditos da foto: Arquivo

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