Ucrânia reconhece utilização de mercenários estrangeiros
Kiev reconheceu a presença de mercenários estrangeiros nas suas fileiras militares. De acordo com uma declaração de representantes do Estado-Maior General da Ucrânia, nas operações militares contra as milícias do Donbass participam mais de mil estrangeiros. A todos eles foi prometida pelo presidente Piotr Porochenko a nacionalidade ucraniana.
Por Tatiana Tabunova*, na Voz da Rússia
RIA Novosti/Grigóri Vassilenko
Militares ucranianos em ação no leste do país
Se chegas ao leste da Ucrânia, pegas num fuzil e o apontas contra o Donbass – podes receber teu passaporte ucraniano. Não interessa quem és e de onde vieste, como é a tua folha de serviços e qual o rastro de crimes que te persegue.O presidente da Ucrânia Piotr Porochenko, ao discursar na Rada Suprema, prometeu conceder a cidadania ucraniana a todos os estrangeiros que combatem ao lado dos militares. Segundo informou à imprensa o porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas ucranianas, major-general Alexander Rozmaznin, eles são cerca de mil ou mais.
Foi a primeira vez que as autoridades de Kiev reconheceram aquilo que negaram durante tanto tempo, diz o vice-diretor do Instituto dos Países da CEI Igor Chichkin:
“É impossível esconder durante muito tempo o que é evidente. Tanto mais que as publicações pró-governamentais publicaram por diversas vezes entrevistas com líderes de destacamentos paramilitares, os quais contavam com orgulho quantos representantes, e de que países, serviam em seus batalhões. Uma outra questão é que a nível do ministro das Relações Exteriores e do presidente sempre foi declarado o contrário: que eram os mercenários russos que combatiam do lado do Donbass.”
Nesta semana em Kiev foi formado um novo governo. Por proposta do presidente Porochenko, as pastas ministeriais agora podem ser atribuídas a cidadãos estrangeiros. Assim, o posto de ministra das Finanças foi entregue a uma norte-americana, o ministro da Economia é um lituano e a área da Saúde é chefiada por um georgiano. Nesse contexto, não há motivos para duvidar da seriedade das intenções de naturalizar os combatentes mercenários, refere o diretor-geral do Centro de Conjuntura Política, Serguei Mikheiev:
“Isso pode ser correlacionado com a lei que permite a atribuição de cargos públicos, incluindo os governamentais, a estrangeiros. Ou seja, a Ucrânia está disposta a passar completamente para uma administração externa ea formar suas forças armadas a partir de mercenários de todo o mundo, legalizando-os através da entrega de passaportes. Não penso que entre eles haja muitos verdadeiros combatentes pela Ucrânia. A prática demonstra que para a Ucrânia viajam pessoas que querem ganhar dinheiro ou que são simplesmente aventureiros.”
Contudo, a generosa proposta de Piotr Porochenko dificilmente terá muita demanda junto dos legionários estrangeiros. Muitos de entre eles fazem parte de exércitos privados estadunidenses, que viajam de um lado para outro conforme o desejo do cliente, e não estão nada interessados noutra cidadania.
*Articulista da emissora de rádio Voz da Rússia
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