Se publicidade é desnecessária, a mídia recebe propina?
Autor: Fernando Brito
Publicidade é necessária para empresas e instituições?
Se é – e é evidente que é – é um insumo de suas atividades e negócios.
Se não é, então o dinheiro gasto com ela é propina para agradar veículos de comunicação.
A Folha usa o velho e manjado truque de somar valores ao longo do tempo.
É como se você consumir um quilo de feijão por semana.
Se somar dez anos, comeu mais de meia tonelada de feijão.
Impressiona, não é?
A Folha soma 13 anos de gasto com publicidade mais ou menos no mesmo esquema.
Diz que o gasto é para “levar a mensagem oficial”.
Petrobras, Banco do Brasil e Caixa disputam mercado.
Será que aquele anúncio que você viu da promoção do Posto Petrobras onde se concorre a uma viagem é propaganda petista?
E o “Vem para Caixa” é bolivariano?
Quem sabe o Ourocard seja uma conspiração totalitária?
O Governo Federal gastou R$ 2,3 bilhões com publicidade das estatais.
A Unilever gastou mais, em apenas um semestre deste ano, com o sabão Omo, a maionese Hellmans, o sorvete Kibon e outros produtos, segundo o Ibope.
A Via Varejo (nome das Casas Bahia/Ponto Frito) gastou mais de R$ 2 bilhões.
Bradesco e Itaú, em torno de R$ 500 milhões, o mesmo que o Banco do Brasil, nada muito diferente.
Todas estas empresas pagam a publicidade com dinheiro público, porque é dos seus distintos públicos que vêm os recursos para pagar os anúncios.
Tanto que você não pode chegar no mercado e pedir que descontem este custo no sabonete que está comprando.
Nem pedir que abatam no preço da geladeira o cachê daquele chato que pergunta se você quer pagar barato.
Mas há algo muito interessante na matéria da Folha, embora seja, de fato, um prejuízo para o Governo, na hora de negociar preços, que um veículo saiba quanto ele está pagando a outro, pois tabela de publicidade é só para inglês ver e governo pagar, porque nenhum outro grande negociante pratica o que se chama de “tabela cheia” em propaganda.
Assim, ficamos sabendo que a Globo levou, numa rápida avaliação, um terço do que receberam todas as outras empresas de comunicação.
Acho que até é mais, porque há uma infinidade de recebimentos em separado, por canais que lhe pertencem.
Quem quiser saber dos gastos de 2013, pode consultar a lista completa aqui.
E até somar os gastos com empresas do grupo Globo, que somam 89 recebedores de dinheiro.
Porque se a intenção é dizer que o Governo está “comprando” a mídia, vai ter é de se explicar é como paga tanto a quem o ataca de maneira aberta e sistemática.
PS. A mesma maracutaia de somar gastos a Folha cuida de fazer para atingir – no gráfico, porque não teve a coragem de fazer isso no texto, os ditos “blogs sujos” , chamados ali de “empresas alinhadas com o governo”, embora não chamem a Veja, por exemplo, de empresa alinhada com o PSDB. Somam anos de gastos para encontrar quantias impressionantes, como aquela meia tonelada de feijão.
PS2. Se o amigo e a amiga procurarem, verão que esta “empresa alinhada com o governo” chamada Blog Tijolaço Comunicação Ltda. não recebeu um grãozinho de feijão sequer. Vive dos 10, 20, 50 reais que recebe dos seus leitores. E nem publicidade privada pode captar, porque quem quiser lhe dar um anúncio, pois tem audiência, corre o risco de ficar “maldito”.
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