Por que o Greenpeace não é valente lá nos EUA?
Autor: Fernando Brito
O episódio do dano criminoso e imbecil causado por ativistas doGreenpeace (estrangeiros dirigindo e peruanos obedecendo) nas fantásticas linhas de Nazca, no deserto peruano ultrapassa qualquer simpatia que se possa ter pelas teses preservacionistas que dizem defender.
Porque não pode haver um grama de preservacionismo na mente de quem se dispõe a aparecer danificando um dos mais antigos e intrigantes monumentos humanos da América do Sul.
Só o que existe é marketing, a busca desesperada por uma notoriedade que rende, aliás, bons fundos para a organização.
Esta operação-imbecil, onde mais de uma dúzia de imbecis, sapatearam e remexeram uma área de acesso estritamente proibido pelo seu interesse arqueológico só produziu menos danos ali do que causou a quem defende com responsabilidade o meio-ambiente.
As desculpas do Greenpeace foram pífias. Dizer que “a atividade pareceu descuidada e ofensiva” é um nada.
Foi ofensiva e criminosa, isso sim.
Por que é que não vão dar o peito a bala e acabar com a caça que é permitida lá no país deles, os EUA? Ou com a mineração no Alasca?
É muito fácil defender cada árvore das florestas dos pobres, enquanto os ricos queimam petróleo e fazem emissões a rodo com hábitos perdulários que, aliás, são os primeiros a introduzir aqui.
Países ricos que se opõem a qualquer iniciativa global que considere que quem já devastou tudo nos últimos séculos não tenha de fazer sacrifícios maiores do que os “jardins do Éden” que sobraram na Terra. Desde a recusa dos EUA a assinarem o Protocolo de Kyoto até a recusa da proposta brasileira de escalonar as obrigações de redução de gases do efeito estufa para cada país em proporção a seu nível de desenvolvimento, só há boicote e sabotagem.
Muita gente que, de boa-fé, vibra com a ação de rapazes e moças que agem audaciosamente vai perceber, com esta monstruosidade que fizeram no Peru, o quanto há nisso de cobertura para que os grandes devastadores do planeta continuem a querer dar para os pobres as lições que eles próprios não seguem em casa.
Comentários