Pela primeira vez, empreiteiro na cadeia? Não, é a segunda; a outra não valeu…
Autor: Fernando Brito
Este modesto blog, que não tem contas no exterior, não tem publicidade oficial e sobrevive apenas das contribuições do “Clube do Tostão” formado por seus leitores traz, da nossa grande e impoluta imprensa, algumas contribuições para apurar o escândalo das empreiteiras, todas já publicadas.
“A Polícia Federal prendeu (…), em São Paulo, quatro diretores da empreiteira Camargo Corrêa, duas secretárias e três doleiros, todos acusados de praticar crimes como evasão de divisas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e operação de instituição financeira sem autorização.”
(…)”a PF mostrou que as empresas que faziam as remessas de dinheiro para o exterior não teriam capacidade para isso. A sede de uma delas, descoberta pelos policiais, fica em uma rua de terra de Saquarema (RJ).
“Há ainda indícios de que o grupo pode ter participado do superfaturamento da construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. As conversas gravadas pela PF mostram o diretor ( da empreiteira) Pietro Bianchi pedindo, com urgência, o transporte de dinheiro vivo em Recife (PE). De acordo com a PF, o pedido poderia estar relacionado à construção da refinaria.”
Está achando que é da Operação Lava-Jato, caro leitor?
Não é, não.
É da Operação Castelo de Areia, processada com o juiz Fausto de Sanctis, em 2009, que foi derrubada pelo Superior Tribunal de Justiça e que aguarda, preguiçosa, que o STF mantenha – como é provável – ou revogue esta anulação.
Todo o texto está publicado na Época de 25 de março de 2009.
Como também um parágrafo que, talvez, ajude a entender porque algumas corrupções são menos corruptas que outras.
A operação, batizada de Castelo de Areia, seria apenas uma ação policial sobre doleiros e seus clientes, se não incluísse também indícios de fraude a licitações e doações irregulares a partidos políticos. Neste ponto, a investigação entra numa conhecida área escura, onde a política se une aos negócios das empreiteiras. De acordo com o inquérito, ao qual ÉPOCA teve acesso, a Polícia Federal teria encontrado indícios de que o grupo poderia ter operado também doações ilegais de recursos para partidos políticos em campanhas eleitorias. São citados no inquérito DEM, PSDB, PMDB e PPS. O senador José Agripino Maia (DEM-RN) é citado nominalmente. Ele afirma, porém, que todos os repasses foram legais. “Recebemos R$ 300 mil, mas foi tudo legal, registrado e com recibo”, afirmou Agripino Maia”
Ah, e a Fiesp de Paulo Skaf também:
“Há referências, na investigação, a personagens importantes do cenário político e empresarial. Num dos telefonemas interceptados, um representante da Federação das Indústrias de São Paulo em Brasília conversa com um dos diretores da Camargo Corrêa. Diz que está falando em nome do chefe, o presidente da federação, Paulo Skaf. Na ligação, em tom de reclamação, ele cobra da Camargo Corrêa o repasse de R$ 400 mil a dois partidos. Afirma que os representantes dos partidos estariam cobrando o dinheiro – pelo teor da conversa, o pagamento estaria atrasado.”
Nada como uma imprensa honesta, que trata os escãndalos com a mesma investigação, “doa em quem doer”, não é?
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