Pablo Iglesias: "A mudança vai chegar em 2015"

“Sim pode-se”! Foi o grito mais repetido e ouvido, este domingo, na primeira sessão pública de Pablo Iglesias, após ter sido eleito secretário-geral do Podemos. O lugar: Barcelona. Resultado: mais de 2500 pessoas encheram o Pavilhão de Vall d’Hebron, deixando outros tantos milhares de simpatizantes do partido fora do recinto, tal foi a afluência.
Na foto: Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos.

Perante o banho de multidões, Iglesias deixou claro: “Não vim prometer a mudança. Não confio nos políticos que fazem promessas. Mas uma coisa vos digo, não me verão dar um abraço nem a Mariano Rajoy nem a Artur Mas”.  

Sobre o direito a decidir da Catalunha, assegurou que o movimento está a favor de que os catalães possam eleger o seu modelo de relação com Espanha. “Por suposto”, disse, mas sentenciou que a “democratização” deve ser em todos os âmbitos.”Defendemos um processo constituinte para discutir com todos e tudo”. O Podemos “não se importa com as bandeiras”, senão as “contas bancárias”: “Chamem-se Pujol ou Rato, estes não têm pátria para além do seu dinheiro, são traidores do povo”.
Iglesias deixou claro que não quer que a Catalunha abandone Espanha mas acrescentou que sabe que “a casta não tem entendido que o Estado espanhol é uma país de países, um país de nações”. Por isso, aposta em “fazer pontes” enquanto outros “constroem muros”: “Quero que Catalunha se torne independente? Não, mas sei que a casta espanhola tem insultado os catalães”.
Com estas palavras dirigiu-se a um público entregado à causa do Podemos: “Todo o mundo pode ser sujeito histórico da mudança” e esta mudança chega em 2015. Assim, animou a mobilização cidadã convocada pelo seu partido no próximo 31 de janeiro em Madrid. “Nós temos uma coisa que mais ninguém tem, milhares de pessoas que querem mudar, vamos demonstrar-lhes”.
Como já é habitual no seu estilo, Iglesias apelou ao povo, “aos de abaixo”, que “são muitos mais que os de acima”, e carregou contra os que pretendem “dividir o tabuleiro político” entre esquerda, centro ou direita, porque assim “só ganha a banca”. “O poder teme o povo”, sentenciou.
E apelando à união entre povos e bairros, disse sentir-se em casa" quando está "em Cornellà ou Hospitalet”. Iglesias acrescentou que aos que mandam “dói e preocupa que a gente se junte para os derrotar”. A mensagem foi clara para os que detém o poder: “O vosso tempo terminou”.
"Preparados" para disputar o Governo
Sob o lema Começa a mudança, também interveio no evento Gemma Ubasart, secretária da Plurinacionalidade do Podemos. Sublinhou a “esperança” que “floresce nas ruas, nas escolas, nas conversas do metro”. Toda esta esperança “tem um nome, Podemos”. Assim, anunciou que a formação se vai apresentar em todas as eleições: municipais, autonómicas e gerais, e que estão preparados” para disputar o Governo. “Somos uma corrente de bairros e povos (…) e devemos convertê-la num tsunami eleitoral que acabe por enterrar este regime frustrado”, clamou.
O Presidente da Generalitat, Artur Mas, também foi protagonista de parte do seu discurso, já que o advertiu de que não aceitarão lições de “catalanidade” daqueles que “se financiaram com o saque do “Palau da Música e se enriqueceram com o 3%”, disse. Sobre as eleições plebiscitárias que Mas propõe, Ubasart afirmou que só “serão um plebiscito para favorecer” o seu Governo.
A secretária da Plurinacionalidade também fixou um objetivo alto: “A esperança não vive sem organização. O Podemos é um partido e não nos resignamos a estar na oposição. Viemos para ganhar as eleições”.
À sessão assistiram como convidados várias personalidades políticas catalãs de esquerda: Joan Tardà (ERC), Ferran Pedret (PSC), Ricard Gomà (ICV) e Joan Josep Nuet (EUiA). O ex-presidente da Generalitat Pasqual Maragall também esteve entre o público.
Perspetivas eleitorais
Pablo Iglesias aterrou este fim-de-semana na Catalunha após a publicação da sondagem do Centre d' Estudis d'Opinió (CEO) da Generalitat, onde o Podemos surgiu como a força política mais votada nas próximas eleições gerais ao Congresso dos Deputados.
Está previsto que Iglesias se reúna com a líder de Guanyem Barcelona, Ada Colau. E também será entrevistado em vários meios de comunicação.
Sobre a questão territorial, a CUP enviou uma carta pública à nova formação para que se comprometa com a celebração de um referendo sobre a independência da Catalunha. Por agora, Iglesias não muda uma linha discursiva: processo constituinte onde se possa debater tudo.
esquerda.net com infolibre.es


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