O triunfo da estupidez: o ‘manifesto’ de Serra sobre o Foro de São Paulo

Rei Serra I
Rei Serra I
Estamos salvos.
Serra nos salvou. O Foro de São Paulo não vai mais comer nossas criancinhas e nos pendurar, pelas tripas, no alto dos postes do Brasil.
O ato heroico de Serra passou despercebido pela grande mídia, o que não chega a ser novidade, mas foi captado numa câmara por seguidores de Olavo de Carvalho e imortalizado no YouTube.

É uma cena que descrevo com mãos trêmulas e olhos úmidos, tamanha minha emoção cívica.
No protesto contra Dilma no sábado passado, aquele para o qual Aécio pediu presença enquanto fazia as malas para ir para a praia de Santa Catarina, uma incalculável multidão de 30 ou 40 pessoas gritou para Serra: “Fala do Foro, fala do Foro, fala do Foro.”
Serra, por escassos segundos, pareceu o Pastor Everaldo num debate quando Dilma lhe perguntou sobre as matrizes energéticas que usaria caso se elegesse.
Nosso querido pastor, depois de fazer aquela cara do aluno que numa chamada oral ouve do professor uma pergunta sobre a qual não tem noção nenhuma, respondeu com o Estado Mínimo.
Sua matriz energética seria o Estado Mínimo. Foi uma resposta que certamente conquistou milhões de votos para Everaldo.
Os manifestantes ouviram de Serra, tão preparado para tratar do foro como Everaldo sobre o futuro da energia nacional, um manifesto.
“Não somos um país cucaracho”, disse ele.
Serra, apesar de nascido na Mooca, é, como todos sabemos, descendente de nobres ingleses.  Ele vem em linha direta da Rainha Vitória, e só não está no Palácio de Buckingham por desprendimento e patriotismo verde-amarelo. Você pode ver seus ascendentes, em seus castelos e sua luxuosa ociosidade, na série Downton Abbey.
Cucarachos são os outros, os habitantes das Repúblicas das Bananas. Mas de Serra, se você cortá-lo, esguichará um sangue de tonalidade azul.
Devemos ser gratos a ele por, sendo tão superior a nós, nos escolher como concidadãos.
Eu, particularmente, estenderia o agradecimento a outro abnegado que faz imensos sacrifícios para estar perto de nós, irradiando toda a sua sabedoria digna de Aristóteles.
Estou falando, adivinharam, de Arnaldo Jabor. Mas poderia estar me referindo a várias outras almas generosas, como Merval Pereira. Este, podendo ser imortal na França, membro da Academia que abrigou Balzac, nos doa sua luz e sua companhia no Brasil.
Somos um país talvez menos nobre que a França e a Inglaterra, mas Serra nos salvou, com seu brado retumbante, do Foro de São Paulo.
“Não somos cucarachos.”
É por coisas assim que amo Serra. Que todos nós amamos Serra.
Fica aqui uma sugestão. Na impossibilidade de angariar votos que o façam presidente, Serra poderia ser o Rei do Brasil numa monarquia que os que o aplaudiram no protesto contra Dilma gostariam de ver instalada no Brasil.
Ele seria o Serra I, e depois sua descendência nos traria, como os Luíses da França, o Serra I, o Serra III e assim por diante.
Deus salve Serra e os futuros Serras.
Agora, Serra tem uma nova causa. Não mais a presidência, que é pouca coisa. Mas o posto de rei.
Viva o Rei.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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