O rei fraco faz fraca a forte gente…

Autor: Fernando Brito
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Há total pressão para que Dilma Rousseff demita Graça Foster da presidência da Petrobras imediatamente.
A acusação?
“Ela sabia”.
Algum negócio escuso, alguma suspeita de que tenha participado de algum negócio irregular?
Não.

No máximo um e-mail de uma funcionária que sempre fora próxima a Paulo Roberto Costa, senão seu braço-direito. E sem provas, que a funcionária diz ter guardado e que estar disposta a revelar cinco anos depois, agora que foi apontada pela investigação interna da empresa.
É uma espécie de “teoria do domínio do fato” administrativa.
O curioso é que até as pedras sabem que Graça – e Dilma – afastaram todos os nomes acusados de levar propina na empresa: Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró  e Pedro Barusco.
Se o que tinham eram suspeitas e acusações vagas, é o que tinham de fazer, administrativamente, com base apenas na “rádio-corredor”, que qualquer um que tenha trabalhado em um grande empresa sabe o que é.
Não tinham, nem poderiam ter, acesso a movimentações bancárias, informações sobre contas no exterior, não podem prender, menos ainda fazer ameaças nem negociar perdão.
Estão pedindo, faz meses, estes elementos à Justiça, que os negou e só agora – e parcialmente – entregam algumas coisas.
Mas isso são os fatos e os fatos, na política, nem sempre importam muito, quando se quer fazer campanhas, como esta, pós-eleitoral.
Dilma, corretamente, não vai entregar a cabeça de Graça Foster assim, pressionada, mesmo que a própria presidente da empresa, honrada como é, já tenha dito que se dispõe a deixar o cargo para aliviar a pressão sobre Petrobras.
Mas esta não é uma questão pessoal e, na,  política, é provável que Dilma tenha de mudar o comando da Petrobras, no início do novo governo, por uma razão: porque técnica e inquestionavelmente honrada, Graça Foster não faz justamente aquilo pelo qual se procura condena-la, a política.
É política que se precisa fazer para que a Petrobras não se veja numa situação de paralisia, que é inevitável em meio desta tempestade.
Aliás, não só a Petrobras, como todo o investimento público pesado, porque todos exigem contratos e contratos com empreiteiras.
E é esse o objetivo, como já cansei de escrever aqui, dos que querem levar o governo à inviabilidade.
É contra isso que se precisa romper a paralisia.
A fome dos inimigos deste governo é imensa e não vai se saciar com “nacos” que se lhe derem, como foi, por exemplo, o já esquecido otimismo com a nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda.
A força de 54 milhões de votos precisa valer e precisa ser vista, para que não ocorra o que Camões descreveu no verso que dá título ao post.
Dilma, que já chamou Aécio de “Velho do Restelo” , bem pode se inspirar nele para dobrar o cabo tormentoso da virada de seu primeiro para seu segundo governo.

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