“Não consigo respirar”, o grito de indignação que percorre os EUA
Nesta sexta-feira e pela terceira noite consecutiva, milhares de pessoas em Nova York e noutras cidades norte-americanas protestaram contra os recentes casos de cidadãos negros mortos por polícias. As mobilizações ganharam força após a Justiça não indiciar mais um polícia branco que matou um negro desarmado.
"Nós não conseguimos respirar", a frase mais gritada nas manifestações nos EUA |
As mobilizações começaram em 24 de novembro, quando a Justiça decidiu não indiciar o polícia Darren Wilson por atirar contra Michael Brown, um jovem negro que estava desarmado na cidade de Ferguson, Missouri.
Na madrugada da última quinta-feira (04/12), as manifestações voltaram com força após um grande júri, em Nova York, decidir não processar outro polícia branco num caso similar. Eric Garner, de 43 anos e asmático, morreu em Nova York no dia 17 de julho por asfixia depois do polícia à paisana Daniel Pantaleo o ter estrangulado.
Um vídeo (ver abaixo) que revela a abordagem do polícia foi divulgado na internet e mostra as últimas palavras de Garner antes de morrer: “I can’t breathe” (“eu não consigo respirar”). A frase foi uma das principais utilizada nos recentes protestos, que tomaram também cidades como São Francisco, Phoenix e Atlanta.
Além disso, também em Nova York, o promotor Kenneth Thompson anunciou neste sábado que designará um grande júri para analisar o caso de Akai Gurley, outro cidadão negro que morreu por um disparo da polícia no mês passado, numa ação classificada oficialmente como “acidente”.
Gurley, de 28 anos, morreu em 21 de novembro num condomínio do Brooklyn ao receber um disparo no peito quando descia uma escada interna, onde dois agentes da polícia inspecionavam.
Na quinta (04/12), o presidente da câmara de Nova York, Bill de Blasio, anunciou que o governo vai iniciar um novo treino “significativo” das forças policiais da cidade. “Perguntas fundamentais estão a ser feitas, e justamente por isso. A maneira com que lidamos com o policiamento precisa de mudar”, disse.
O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, confirmou nesta semana que será realizada uma investigação independente para determinar se houve violação de direitos civis nestes casos. A investigação federal será "independente, exaustiva, justa e ágil", anunciou.
"Casos recentes puseram a toda prova a confiança entre a polícia e os cidadãos", constatou Holder, que reiterou os seus apelos para que essa confiança seja "restaurada".
Artigo publicado por Opera Mundi
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