Coreia do Norte compara Obama a macaco

Pyongyang culpa EUA pela interrupção da internet norte-coreana e insulta o presidente americano por ele ter encorajado a exibição da comédia "A Entrevista". País asiático ameaça Washington com "golpes mortais"
A Coreia do Norte chamou neste sábado (27/12) o presidente dos EUA, Barack Obama, de "macaco" por ter encorajado a exibição da comédia A Entrevista e culpou os EUA por um blecaute que afetou nesta semana a internet do país.

A poderosa Comissão de Defesa Nacional do país afirmou que Obama agiu de forma irresponsável ao pressionar pelo lançamento do filme, que conta a história de dois jornalistas contratados pela CIA para matar o líder norte-coreano Kim Jong-un. "Obama vai ser sempre imprudente em palavras e atos, como um macaco em uma floresta tropical", disse um porta-voz da comissão, em comunicado publicado pela agência de notícias oficial da Coreia do Norte, KCNA.
"Se os EUA persistirem em práticas arbitrárias, arrogantes, prepotentes e típicas de gangsters, apesar das repetidas advertências (da Coreia do Norte), os EUA devem ter em mente que suas ações políticas fracassadas vão provocar golpes mortais inevitáveis", disse o porta-voz.
"Brincando de pega-pega"
Ele acusou Washington de vincular o ciberataque sofrido pela Sony à Coreia do Norte "sem evidência clara" e repetiu a condenação à sátira, descrevendo-a como "um filme para agitar terrorismo, produzido com envolvimento de políticos de alto escalão do governo americano".
A Comissão de Defesa também culpou Washington por intermitentes interrupções de websites norte-coreanos nesta semana, o que aconteceu depois de os EUA terem prometido responder ao ciberataque sofrido pela Sony. O governo dos EUA se recusou a dizer se estava por trás do blecaute.
De acordo com o porta-voz da comissão norte-coreana, os EUA "perturbaram o funcionamento da internet de grandes meios de comunicação" norte-coreanos, "de forma desavergonhada, como crianças brincando de pega-pega".
Público faz fila para ver "A Entrevista" em Los Angeles
Esta não foi a primeira vez que a Coreia do Norte lança insultos contra Obama e outras altas autoridades americanas e sul-coreanas. Neste ano, Pyongyang chamou o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, de "lobo" com uma "hedionda mandíbula protuberante" e a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, de "prostituta". Em maio, a agência oficial de notícias da Coreia do Norte publicou uma nota dizendo que Obama tem a "silhueta de um macaco".
Comédia rendeu 1 milhão de dólares na estreia
Na terça-feira, a Sony recuou na decisão de não exibir a sátira e autorizou um número limitado de cinemas independentes a mostrarem a produção. A Entrevista também está disponível desde quarta-feira em uma série de portais pagos de vídeo na internet.
O filme rendeu um milhão de dólares no dia da estreia nos Estados Unidos, anunciaram na sexta-feira os estúdios da Sony.
A comédia tinha lançamento marcado para quinta-feira, dia de Natal, antes de a Sony ter sido alvo do pior ciberataque registado nos Estados Unidos. O ataque paralisou o sistema informático da empresa e incluiu a difusão, na internet, de cinco filmes dos estúdios, alguns ainda por estrear, de dados pessoais de 47 mil empregados, de documentos confidenciais, como o argumento do próximo filme da série James Bond, e de um conjunto de mensagens de correio eletrônico embaraçosas para os dirigentes da Sony.
Os Estados Unidos responsabilizaram a Coreia do Norte pelo ataque, reivindicado pelo grupo de piratas informáticos GOP, e exigiram uma indenização para a Sony. A Coreia do Norte negou qualquer envolvimento no caso e ameaçou Washington com represálias, caso seja alvo de sanções.
MD/afp/ap
DW

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