Os delegados da Lava Jato agem como políticos e não como policiais

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Palmas, de pé, à jornalista Julia Duailibi, pelo artigo publicado no Estadão de hoje.
Julia jogou luz onde há escuridão, uma das missões mais nobres do jornalismo – e menos seguidas, lamentavelmente, pelas grandes companhias jornalísticas brasileiras.
As luzes iluminaram a completa, abjeta, despudorada falta de isenção dos delegados da Polícia Federal incumbidos da investigação do caso Petrobras.
Julia teve acesso a mensagens que eles compartilharam durante a campanha – e a investigação — em grupos fechados na internet.

O conteúdo das mansagens é brutalmente incompatível com o espírito isento que deve nortear investigações.
Eles ali já condenaram antes de apurar.
Imagine entregar um caso policial que envolva políticos à redação da Veja: é, na essência, o que vem acontecendo na Polícia Federal na Operação Lava Jato.
Os delegados têm que ser imediatamente afastados dessa investigação, e substituídos por policiais que concluem apenas depois de apurar os fatos.
A dúvida é se a PF foi deliberadamente aparelhada por grupos políticos antipetistas ou se a ela costumam acorrer, como na época da ditadura militar, pessoas para as quais a esquerda come criancinha.
O delegado Igor Romário de Paula, sob o qual trabalham policiais incumbidos da Lava Jato, participa de um grupo no Facebook chamado Organização de Combate à Corrupção.
O símbolo deste grupo, conta Julia Duailib, é “uma caricatura de Dilma, com dois grandes dentes incisivos que saem da boca, e coberta por uma faixa vermelha na qual está escrito: Fora, PT!”
Paula responde diretamente ao superintendente da Polícia Federal do Paraná, Rosalvo Franco.
O coordenador da Lava Jato, o delegado Marcio Anselmo, se referiu a Lula numa mensagem como “anta” – termo usado por muitos anos pelo colunista da Veja Diogo Mainardi.
Fica claro como chegou à Veja a “informação” de que Dilma e Lula sabiam de tudo. Ação entre amigos, irmãos de fé — e uma acusação com credibilidade abaixo de zero, como se comprova agora.
A Polícia Federal deveria, em tese, ser uma solução para o Brasil.
É, na realidade, um problema, e um problema de enormes proporções.
O que a jornalista Julia Duailibi revelou aos brasileiros foi um dos maiores escândalos da história recente do país.
Não basta fazer uma reforma superficial na PF.
Ela tem que ser reinventada para que seus agentes se comportem como policiais – e não como políticos que, longe dos holofotes, conspiram contra a democracia.
Tudo da Lava Jato tem, agora, que ser revisto à luz das informações de Julia Duailib.
Mais uma vez, palmas para ela.
De pé.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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