Fernando Brito: Se não há lugar para uma mídia de esquerda, porque tantos acessos?

Autor: Fernando Brito
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Os números daí de cima são a história dos acessos do Tijolaço  este ano, em total de visitas e em visitantes únicos (contagem que só considera um acesso por computador num intervalo de 24 horas), segundo o siteStatcounter, que realiza contagem de acessos

Se é possível para uma só pessoa – ou quase, porque tenho o  inestimável auxílio de meu parceiro Miguel do Rosário nos finais de semana – ocupar um espaço destes, sem uma equipe, sem um repórter, um revisor (como faz falta, perdoem os deslizes e os altos de palavras tão frequentes, pela falta de tempo e pelos vícios de nem reler direito os meus próprios textos), sem ninguém, nem nenhuma estrutura senão um laptop, uma mesa e uma cadeira, faz sentido não termos uma mídia progressista, na internet e fora dela?
Não faz, nem no sentido da liberdade, nem no da pluralidade de ideias e nem mesmo, sequer, do ponto de vista meramente comercial, por que há, inequivocamente, um imenso público para ela.
Mas esbarramos em algo que perversamente nos foi atribuído e que nos sufoca todas as possibilidades de crescer.
Somos os “blogs sujos”, “sustentados” pelo Governo.
Mesmo quando, como acontece com este blog, sobrevive-se das contribuições espontâneas de seus leitores e dos anúncios do Google, que qualquer site pessoal pode veicular, recebendo pelos acessos que o Google diz que você tem – e que são sempre, por isso, avaros – a ideia com que nos taxam é a de que somos favorecidos politicamente.
É claro que nenhuma padaria, mercadinho, empresa de serviços, fábrica vai desejar ficar “sob suspeita” se anunciar neste ou em outro blog semelhante. Se, por acaso, vender algo ou prestar serviços a governos, então, nem se fala.
Ninguém acha que um anúncio da empresa X em qualquer site seja uma cumplicidade entre o anunciante e o site, mas apenas o interesse de divulgar um produto, serviço ou marca.
Aqui, porém, tudo é “favorecimento”. Até uma animação que coloquei, gratuitamente, da campanha contra o consumo de crack – veja se os sites da grande imprensa veiculam algo de graça, inclusive isso-  serviu  para que O Globo dissesse que “conto” com um banner do Governo Federal.
Obvio que fico orgulhoso de ter alcançado esta marca de mais de 10 milhões de acessos totais em um mês, e mais de 5 milhões de visitantes únicos. Sou
Tijolaço que vocês ajudam a fazer, lendo e participando, chegou a um tamanho em que não pode ser mais produto do voluntarismo – um tanto quanto insano – de uma pessoa e terá de desenhar seus caminhos em 2015.
Mas há algo maior a que todos devemos nos dedicar, se trabalhamos sem vaidades e ambições materiais que não as de sobreviver e cumprir nossos compromissos com o povo brasileiro.
É o surgimento de uma imprensa independente, progressista, diferente de tudo o que está aí e do qual, infelizmente, ainda é nossa única fonte de informação.
Ela tem milhões de leitores em potencial.
Em potencial, porque ela não existe.
Ainda.

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