Esquema de empreiteiras começou na ditadura: Filha de vítima confirma

Autor: Miguel do Rosário
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O texto abaixo, contando a história da filha de um diplomata, confirma o que Fabiano Santos dissera em entrevista para a TV Mega.
A cultura de corrupção no Brasil, em especial na relação do setor de construção civil com os governos, consolidou-se na ditadura.
E está sendo combatida pelo sistema democrático.
Antes, não havia denúncia.
Quem denunciava, morria.

Não havia transparência, investigação, nem liberdade de imprensa.
A mídia que existia – que é a mesma que hoje se arvora em paladina da democracia e da ética – era cúmplice da ditadura.
Esta é razão pela qual ainda há imbecis que pedem “intervenção militar”.
A corrupção da ditadura, por não ser veiculada na mídia, parecia não existir.
Mas foi ali que ela ganhou força.
Foi ali que as grandes empreiteiras, juntamente com as gigantes da mídia, consolidaram-se financeiramente.
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A coragem de uma mulher
Por Ignácio de Loyola Brandão, no Estadão
A advogada Lygia Maria Jobim entregou esta semana à Procuradoria da República no Rio de Janeiro um pedido de abertura de inquérito civil para apurar as circunstâncias da morte de seu pai, o ex-embaixador José Jobim, durante a ditadura militar. Lygia Jobim foi de importância fundamental em minha vida. E para a literatura brasileira. Somente agora, ao ver sua idade, 64 anos, vejo como ela era jovem e corajosa, quando teve a audácia de enfrentar a censura e o sistema militar, 40 anos atrás.
(…) Lygia Jobim tinha então 24 anos, era tímida, bonita, suave e determinada.
(…) Em 1979 – mesmo ano em que Zero acabou liberado – numa tarde (agora vejo que foi em março), Lygia me ligou contando que seu pai, o embaixador, tinha sido encontrado enforcado na Barra da Tijuca, dois dias depois de ter sido sequestrado de sua casa no Cosme Velho. Jobim tinha revelado que pretendia revelar os esquemas de superfaturamento na construção de Itaipu, que acabou custando dez vezes mais. Com a sua coragem habitual, Lygia Jobim foi primeiro à Comissão da Verdade e agora buscou a Procuradoria. No entanto, ela esclarece: “Não quero indenização, não quero dinheiro. Desejo apenas o reconhecimento de responsabilidades. Itaipu matou meu pai e agentes do Estado destruíram as provas”.

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