Dilma Rousseff: “Eu não vendo o que eu não consigo entregar”

Em entrevista a jornalistas ontem (6), a presidenta Dilma Rousseff voltou a se comprometer com a retomada do crescimento, o combate à inflação e ao desemprego. Nesse sentido, a presidenta garantiu olhar “com lupa” todos os problemas fiscais. Para ela, é necessário responsabilidade com a manutenção do bem estar do trabalhador.
"O que nós vamos tentar é um processo de ajuste de todas as contas do governo, todas", afirmou Dilma Rousseff. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.“O que nós vamos tentar é um processo de ajuste de todas as contas do governo, todas”, afirmou Dilma Rousseff. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.

“O que eu estou dizendo é que esta visão de corte de gastos é similar àquela maluca [visão] de choque de gestão, tá? Que vende o que não consegue entregar. Eu não vendo o que eu não consigo entregar. O que nós vamos tentar é um processo de ajuste de todas as contas do governo, todas. Nós vamos revisitar cada uma, olhar”, enfatizou.
Dilma disse que o governo já está trabalhando para fazer os ajustes necessários. “Olha, nós temos que fazer um ajuste em várias coisas, não é só cortar gasto, sabe? Ao longo do governo você descobre várias coisas. (…) Várias contas que podem ser reduzidas”, explicou.

Dilma garantiu que não reduzirá ministérios, especialmente aqueles envolvidos em programas importantes de infraestrutura, como as secretarias de Portos e de Aviação Civil. Outra garantia é a manutenção e fortalecimento do Ministério da Micro e Pequena empresa. Para a presidenta, a luta pela desburocratização e pela melhoria do ambiente empresarial é crucial para a retomada do crescimento. A presidenta voltou a mencionar a importância de programas como o Pronatec para o aumento da produtividade brasileira.
No cenário nacional, ela garantiu que fatores que pressionaram a inflação neste ano como a seca, não vão durar. “Nós vamos ter de fazer aqui: apertar o controle da inflação; nós vamos ter limites dados pela nossa restrição fiscal para fazer toda uma política anticíclica que poderia ser necessária agora, mas vão ter limites”.
Para ela, o cenário internacional é desafiador para todos os países, especialmente os emergentes. A queda no preço das commodities, como petróleo, soja, ferro “não é trivial”.
“O Brasil terá uma recuperação. Enquanto isso eu espero que o mundo também tenha. Por que, aí, a nossa recuperação será mais potencializada pela recuperação internacional. (…) E eu tenho certeza que tanto a China, quanto a União Europeia serão fatores decisivos. Meu interesse na reunião do G20 é ver como eles estão encarando esse futuro. (…) Nós vamos fazer nossa parte para a gente estar, porque até agora nós não deixamos o barco afundar. Nós mantivemos o nível de investimento, em um sufoco danado, mas mantivemos. Nós mantivemos também o emprego e a renda”, defendeu.
Apesar dos desafios, Dilma lembrou que o Brasil ainda atrai muitos investimentos, como a taxa de Investimentos Estrangeiros Direto de R$ 66,5 bilhões de dólares.
“Nós somos de qualquer jeito o 5º país do mundo, receptor de investimento direto externo, o 5º, neste caso aqui, o que fica claro é uma coisa: mesmo sendo reinvestimento, é investimento novo, quando você reinveste, você está fazendo um investimento novo”, explicou.
Democracia
Dilma disse ter compromisso com as instituições e a democracia. Para ela, as instituições podem ser “aperfeiçoadas”, como qualquer produto humano, mas o Brasil demonstra que instituições têm funcionado com “uma regularidade, uma isenção e uma clareza fundamental”. Ela reiterou sua defesa da interação e do diálogo com a oposição e a sociedade. “Nós somos um exemplo de grande democracia no mundo, e acho que nossas eleições elas são produtos disso”, disse.
Corrupção
Dilma avaliou que estamos em um momento importante para acabar com a impunidade. “Eu não vou engavetar nada, não vou pressionar pra não investigarem, e quero todos os responsáveis devidamente punidos”, afirma.
Imprensa
Ao mencionar a discussão sobre regulação econômica da mídia, a presidenta afirmou que a imprensa é uma das “pedras fundadoras da democracia”. Para ela, “a liberdade de expressão talvez seja a grande conquista que emergiu de todo esse processo de redemocratização”.
Dilma explicou que a regulação econômica “diz respeito a processos de monopólio e oligopólio, que pode ocorrer em qualquer setor econômico onde se visa o lucro e não a benemerência”. Ela defendeu um debate amplo sobre o assunto.
“Acho que isso jamais poderá ser feito sem uma ampla discussão com a sociedade. É o tipo da coisa que exige consulta pública, é o tipo da coisa que exige amplo debate. (…) Eu acho que a internet é o grande mecanismo de você abrir discussão pública. Mas isso não implica que você não faça discussões setoriais. A experiência demonstra, em todos os processos, que a reunião setorial é crucial”, defendeu.

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