Preparando desculpas e salsichas: Cantanhêde e os “burros”, Merval e o “feriadão”

Autor: Fernando Brito
dogaodomerval
Nós somos, como disse ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, muito mal-informados, ao contrário das castas dominantes deste país, que têm acesso a coisas que, como disseram das salsichas, nós não engoliríamos.
Mas não somos muito mal-informados por sermos pobres, apenas, como disse o Príncipe. Somos porque temos uma imprensa partidarizada, desigual, e divulga e agrava os fatos que possam ser negativos a um lado e ameniza ou até omite os de sentido inverso.

Por isso, para revolta de muitos dos leitores deste blog, eu me dedico sempre a ler o que dizem os “ideólogos da mídia” , porque eles têm acesso ao que nós só encontramos depois de macerado e processado por nossas fábricas de salsichas midiáticas.
E o que leio mostra que esta turma já começa a preparar, como os institutos de pesquisa, suas “desculpas” para a “virada” (se é que algum dia esteve em outra posição) do quadro eleitoral.
E a coisa fica muito engraçada.
A D. Eliane Cantanhêde, depois de passar em revista aos sinais de que Aécio está se desmilinguindo, é tomada do espírito de FHC e aposta na “burrice” do eleitor de Dilma, que não saberia digitar o número na urna:
A favor de Aécio: o empate técnico o favorece, não só porque ele está numericamente à frente, mas porque a “quebra” de votos de Dilma tende a ser maior na hora do voto real. Uma coisa é dizer que vai votar em alguém, outra é acertar os botões, os números. O nível de escolaridade do eleitorado de Aécio é bem mais alto do que o de Dilma. Ela tem de passar à frente e ter gordura para queimar.
E Merval Pereira – ah, o Merval – já insinua que um “feriadão” no dia 28, dia do servidor público – pode influir no resultado das eleições:
O raio pode cair mais uma vez no mesmo lugar. O segundo turno da eleição será realizado no próximo dia 26, um domingo, e na terça-feira dia 28 é dia do funcionário público. Não é feriado nacional, mas considerado ponto facultativo. Não seria de estranhar se os governos considerassem ponto facultativo também a segunda-feira, dia 27, como aconteceu na eleição para Prefeito no Rio em 2008, também realizada num domingo dia 26 de outubro. O governo estadual decretou ponto facultativo na segunda-feira, dia 27/10. Eduardo Paes ganhou com 50,83% dos votos contra 49,17% conferidos a Gabeira. Resta saber quem seria mais prejudicado por uma manobra dessas: Dilma, que tem o voto da maioria dos funcionários públicos, ou Aécio, cujo eleitor de renda mais elevada pode ficar tentado a curtir o feriadão.
Viu, além de burro, que não sabe digitar, o eleitor da Dilma é funcionário público “marajá”, que vai para a praia  em todos os feriadões.  Esse país está perdido, não é?
Então, já que a coisa anda por aí, com este nível de sofisticação analítica, eu lanço mais uma tese: capaz de o Aécio ser prejudicado no dia das eleições em São Paulo porque vai ter muito paulistano ocupado em carregar balde d´água!

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