Porque Dilma deu um passo imenso à vitória no debate de ontem

Autor: Fernando Brito
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Para desespero dos “punhos de renda” – que acham que o debate de ontem foi “uma baixaria” (e é claro que todos gostaríamos de ter uma campanha desenvolvida no campo das idéias, apenas) –  lamento informar que Dilma Rousseff deu um passo imenso para vencer a disputa eleitoral.
Tirou Aécio Neves do papel que ele vinha buscando para proteger-se de suas fraquezas morais e administrativas: o de tadinho, vítima de agressões e evidenciou que, apesar da carinha bem escanhoada, é um homem incapaz de reagir com equilíbrio e, diante dos questionamentos (aliás, irrespondíveis) sobre fatos, foge para desculpas  formais e invoca os outros (“não ofenda os mineiros”) como biombo.

É “bonito” tratar dos problemas reais (dos outros) na base do “vossa excelência pra cá, vossa excelência pra lá”, como definiu muito bem, nos anos 60, o velho Leonel Brizola quando se  referiu ao “clube amável do Congresso”.
Mas, na vida de verdade, ninguém pode ficar “apanhando” todo o tempo sem uma reação que vá além do estritamente “racional” e, depois de muito evitar, aceite o “barraco”.
E absolutamente coberta de razão, como está Dilma.
Porque a direita brasileira, e já lá se vai mais de um ano, invocou todos os demônios e baixarias contra ela (veja como eles fogem de fazer isso com o Lula) e se lambuzaram em grosserias. Ou que nome merece mandar uma mulher, Presidenta da República  ir “tomar no cu” na abertura da Copa?
Se faltou algo no desempenho de Dilma, foi, talvez, explicitar isso numa fala daquela tipo “mãos nas cadeiras” e dizer, “bom, menino, você pediu, me chamando de tudo o que você sabe que eu não sou, de tolerante com a corrupção ou até corrupta, agora aguente”
Mas isso, como dizem os franceses vai “sans dire”, vai sem ser dito.
A construção da direita era fazer de Dilma (e fazendo de seu governo fazia dela) uma mulher abatida, incapaz de se defender e afirmar sua autoridade. Uma mulher que, ” ao ser abandonada por Lula”, não sabia se defender, reagir e tomar a ofensiva.
Lula, esperto e matreiro, soube “dar um tempo” para Dilma produzir sua própria reação e não ficar naquela de “fraquinha, protegida pelo irmão”.
Escrevam e leiam por aí como, a partir de hoje, ele vai subir o tom.
Reparem como o discurso conservador encontrou em Marina Silva e suas hipocrisia de “os melhores dos melhores” e do “poder pelo poder” o discurso xôxo que ocultava o fato objetivo de que este é um país que, malgrado toda a ilusão petista de que teria passado a ser “de todos”, tem de compreender que está dividido socialmente, como é dividido o caminho que tem à sua frente: ser, de novo, uma dócil colônia ou ser, cada vez mais, uma grande nação.
Somos civilizados, democratas e jamais houve neste país, tanta liberdade de opinião.
Exceto em um lugar que, salvo nos raros momentos de embate eleitoral, o pensamento progressista nunca tem voz: os meios de comunicação.
Aécio, tão acostumado a poder dizer, sem respostas, os seus desaforos e a tratar as mulheres como “peruas” sem voz própria, achou uma encrenca pela frente.
E como todo machão é essencialmente um covarde, vai ficar cada vez mais perdido em suas pantomimas de se dizer “agredido”.
É, para lembrar o verso de Geraldo Vandré, “a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.

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