Pobres contra ricos?São Paulo contra o Nordeste?


Por Emir Sader

A avaliação amplamente favorável dos governos do PT em relação aos governos
tucanos teria dado uma vitória tranquila para a Dilma. Só se torna uma disputa tão
acirrada, aberta, pelo uso brutal do monopólio dos meios de comunicação – partido
da oposição, como confessou diretora da FSP na campanha de 2010 - que se
aproveita do maior erro cometido pelo governo: não ter avançado na
democratização dos meios de comunicação.

A parada agora se decide entre o nível de rejeição fabricado contra a Dilma – em
que os preconceitos tem um papel fundamental – e a capacidade da militância de
neutralizar relativamente o trabalho dos monopólios midiáticos, convencendo das
consequências de uma eventual vitória tucana.
A polarização histórica entre a esquerda brasileira e a direita se deu sempre sob
essa forma – conquistas sociais, soberania politica e papel ativo do Estado, por um
lado, ajuste econômico, subordinação externa e centralidade do mercado, por
outro. Foi assim com o Getúlio, que personificou os avanços nos direitos dos
trabalhadores, a construção do primeiro projeto nacional e a refundação do Estado
no Brasil. A direita se apoiava na ditadura politica como seu argumento
fundamental, tratando de desqualificar o fortalecimento do Estado.
Hoje o Brasil parece dividido entre ricos e pobres, entre São Paulo e o nordeste,
forma que assume a polarização entre as questões social e nacional por um lado, a
questão democrática – no sentido liberal, de menos Estado e, portanto, mais
mercado. É uma divisão real do ponto de vista social. Os de menor renda, sempre
postergados, foram os mais beneficiados pelas politicas do governo, com razão se
deixam enganar menos pela mídia, porque suas vidas mudaram realmente para
melhor. Os mais ricos ou setores da classe media estão mais envoltos nos
mecanismos de manipulação da mídia.
A divisão geográfica reflete, em parte a divisão social, mas não completamente.
Porque se São Paulo é o estado que concentra mais riqueza e, também, ao mesmo
tempo, um estado que acumula imensas desigualdades, com grande pobreza e
miséria. É mais um caso de hegemonia da elite dominante, que mesmo
reproduzindo as desigualdades, conseguiu montar um mecanismo de propaganda
publica e de manipulação da consciência de amplos setores da sociedade –
inclusive de parte significativa dos próprios pobres –
Pobres contra ricos? As pesquisas não deixam dúvidas, é uma questão social. São

Paulo contra o Nordeste? É manipulação ideológica.

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