Os lobos de Wall Street querem o Planalto


Antonio Lassance*
Na Carta Maior

A herança maldita recebida em 2003 tem as digitais de Armínio Fraga. E ele está
pronto, mais uma vez, a dar sua contribuição. Suas declarações à imprensa do
mundo inteiro e seus alertas aos grandes investidores internacionais são feitos sob
medida para dar um empurrãozinho e levar o nome do Brasil à lona.

Os que dizem defender a “independência” do Banco Central, que pregam amor à
responsabilidade com as contas públicas e proclamam seu zelo ao controle da
inflação não se fazem de rogados. Preferem, para o comando da instituição, um
cabo eleitoral do PSDB. Alguém que, em um ambiente movido por expectativas, faz
questão de soltar os lobos para caçar.
O mundo das finanças não esconde sua satisfação em ter um dos seus como
interlocutor na campanha oposicionista. Aliás, não haveria sequer o menor
escrúpulo em colocar o próprio “Lobo de Wall Street” para cuidar da política
monetária.
Quem, melhor que os lobos, para fazer bem o serviço de glamourizar a ganância,
chamando a isso de responsabilidade fiscal? Quem, melhor que os lobos, para
depenar o país sem ruborizar de vergonha e com a sensação de dever cumprido?
Neste filme, o PSDB não passa de um reles coadjuvante. É, no muito, um Cavalo
de Troia em cuja barriga estufada se acomodou a tropa do rentismo.
Cada vez mais esganiçados, os financistas esperam o momento oportuno para
serem expelidos dessas entranhas obtusas, abrir os portões e declarar aberta a
temporada de espólios.
Aécio finge ser candidato à presidência. Quando prometeu encontrar uma solução
para acabar com o fator previdenciário, foi surpreendido, no dia seguinte, por uma
entrevista de Fraga que alfinetava a todos os candidatos, sem exceção. O garoto
propaganda da alta finança reclamou nunca ter visto uma campanha tão "populista"
- sem poupar ninguém.
No dia seguinte, Aécio desmentiu a si próprio. Disse que não havia prometido
acabar com o fator previdenciário, e sim, estudar alternativas para ver se seria
possível, quem sabe um dia… e por aí vai.
Ficou claro quem é que manda?


(*) Antonio Lassance é cientista político.12/10/2014 www.cartamaior.com.br/colunaImprimir.cfm?cm_conteudo_idioma_id=3195

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