O que os EUA querem do Brasil?



A intensa disputa eleitora no Brasil voltou a colocar em discussão o tema dos
interesses dos EUA no continente. Isolado com o projeto da Aliança para o Pacifico,
seus interesses voltaram a aparecer mais claramente com os dois candidatos da
oposição no Brasil: Marina e Aecio
Prioridade de acordos bilaterais – claramente, em primeiro lugar, com os EUA –
debilitando os projetos de integração regional – do Mercosul à Celac, passando
pela Unasul, em primeiro lugar. Isto é, mudança radical da inserção internacional
do Brasil que, ao se mover, com o peso que adquiriu, significaria a maior mudança
nas relações políticas regionais desde a eleição da série de governos
antineoliberais ao longo da primeira década do novo século.

No plano interno, uma virada radical para políticas de mercado, com um duro ajuste
fiscal, que enfraqueceria o papel do Estado. Armínio Fraga, o guru do Aécio, disse
as coisas mais significativas da campanha eleitoral: que o salário mínimo é muito
alto no Brasil, brecado a retomada do desenvolvimento. Que um certo nível de
desemprego é “saudável”. Que os bancos públicos cresceram excessivamente.
Todas afirmações que soam como melodia aos ouvidos do governo dos EUA, da
ortodoxia neoliberal, de organismos internacionais como o FMI e o Banco Mundial,
do lobby midiático mundial.
Seria uma grande virada da economia brasileira, similar à que se deu no governo
FHC, com a diferença de que, naquele momento havia realmente um descontrole
inflacionário, enquanto agora a inflação está sob controle, menos da metade da
deixada por FHC para o Lula. Mas faz parte da campanha de terrorismo midiático
da direita gerar a imagem do risco inflacionário.
Seria uma virada claramente conservadora, neoliberal, antipopular, entreguista, sob
todos os pontos de vista. O risco serve para reafirmar aos que duvidavam, como os
interesses da politica externa brasileira se chocam frontalmente com a politica
externa dos EUA e como o modelo de desenvolvimento economico com distribuição
de renda é contraditório com os interesses do grande empresariado brasileiro.
Os andamentos da campanha eleitoral brasileira reafirmam como o grande
empresariado em bloco não apenas se opõem, mas se jogam inteiramente contra o
governo, como se ve pela oscilações da Bolsa de Valores de São Paulo, conforme
as possibilidades do candidato da oposição – segundo a percepção deles
aumentam ou diminuem. Como os porta vozes da grande mídia nacional e
internacional, os do FMI, de Washington, nao deixam de expressar confiança e
esperança na candidatura que defende expressamente seus interesses.
Tudo o que os EUA querem é que o Brasil mude radicalmente de política, de
inserção internacional, de modelo economico, de discurso politico, de alianças na
região e no mundo. Tudo o que os EUA querem é que o candidato da oposição faça
retornar o modelo de governo de FHC e a política de subserviência em relação aos

EUA.

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