NENHUM VOTO É DE BRINCADEIRA

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por Paulo Moreira Leite
Duvide de quem diz que no primeiro turno se vota com o coração e no segundo a com a razão
Apareceu uma nova conversa que pode ter um papel decisivo no dia de hoje, quando 140 milhões de brasileiros saem de casa para votar no primeiro turno da eleição presidencial. Consiste em dizer que hoje você vota naquilo que acredita de verdade e no segundo turno escolhe o menos pior.

É uma conversa destinada a beneficiar candidatos que correm o risco de sair das urnas com uma votação pouco mais do que simbólica.
Pode ter um peso decisivo porque estamos falando de um pleito que pode ser decidido na margem de erro. Mesmo considerando que Dilma Rousseff é favorita em qualquer situação, como foi confirmado nas últimas semanas, não custa lembrar alguns pontos importantes.
Todo voto deve ser uma decisão racional, conforme uma avaliação consciente de determinada situação e das alternativas colocadas.
Seja no primeiro, seja no segundo turno, nenhuma eleição é teste vocacional para projetos minoritários. Tem implicações imprevistas, gera novas conjunturas, permite retrocessos.
Dá uma nova chance ao adversário mais perigoso. Em 2014, será uma chance para os derrotados do primeiro turno negociarem uma grande aliança para consolidar aquilo que não puderam fazer na primeira fase: uma ação articulada e unificada  contra Dilma.
A quem interessa dar essa oportunidade? Quem quer uma nova chance de gritar VTNC? Quem quer seguir lançando as mentiras e distorções tão bem mostradas pelo Manchetômetro? Quem precisa de uma revanche?
Vamos combinar: cidadãos que, por uma situação de classe social, estão acima das contingencias mais duras da vida, podem até se dar ao luxo de votar duas vezes, jogar com as pesquisas, especular. O resultado de uma eleição, em sua existência, pode ser motivo de satisfação ou de aborrecimento. Mas não altera muita coisa.
A maioria das pessoas, contudo, não vive a atuação política dessa forma. Sabe da importância do acesso a políticas de Estado para garantir o destino de suas familias e das novas gerações. Sabe da importancia decisiva do crédito público — mais de 50% — para garantir o investimento no mercado interno, que mantém o emprego e o consumo de massa. Sabe — foram mais de 500 anos de experiência, certo? — que a prioridade aos interesses privados não atende as necessidades da maioria.
Este é o debate, hoje.
Paulo Moreira LeitePaulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".

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