Marina usa Bolsa Família para manipular eleitor



No último debate presidencial antes do primeiro turno das eleições, a candidata Marina Silva, em uma ação que mais pareceu desespero, prometeu que, se eleita, vai implantar o 13º salário para o Bolsa Família. Da mesma forma, também no último debate, em 2010, o então candidato tucano José Serra fez a mesma promessa eleitoreira.(link is external)
Eleitoreira, sim. Primeiro porque a medida não aparece no programa de governo de Marina Silva, que tem uma parte dedicada a falar da manutenção do programa de Lula e Dilma Rousseff(link is external). Também porque Marina não explica como tomará tal medida, já que suas propostas, sem contar com essa novidade, já excedem muito o orçamento da União e a candidata ainda fala em “corte de gastos públicos”. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Walter Feldman, um dos principais conselheiros econômicos de Marina, estimou que a medida custará R$ 1 bilhão aos cofres públicos(link is external). Proposta concreta de gestão de recursos para tal fim? Marina não apresentou. É uma conta que não fecha: se já tem propostas que excedem o orçamento da União, como vai gastar ainda mais R$ 1 bilhão?

A coisa é toda tão confusa, que Marina é pega diversas vezes no próprio despreparo: ou não houve estudo e planejamendo na formulaçao das propostas, ou a candidata, como disse a presidenta Dilma, precisa ler melhor o seu próprio plano de governo(link is external). No debate de 2 de outubro, Marina disse que vai ampliar o programa para 4 milhões de famílias(link is external) que ainda não são atendidas. No programa de governo da candidata do PSB(link is external), os números são outros: "Incluir no Bolsa Família todas as famílias cujo perfil preencha os critérios do programa, estimadas hoje em 10 milhões". Parece que a equipe de Marina não entra mesmo em acordo; nem entre si e nem com ela.
Claro que a medida de implantar o 13o no Bolsa Família não é ruim e, inclusive, vem sendo discutida no governo Dilma. Mas é necessário ter responsabilidade com o orçamento da União, já que R$ 1 bilhão não brotam do nada, como Marina parece crer. Como já disse Dilma Rousseff, uma gestora séria e responsável: “Na hora da verdade, você tem que mostrar o que vai fazer, como e com que dinheiro”. A candidata do PSB, em seu desespero para confundir os brasileiros, lança, no último debate, sem que haja tempo para discussão, uma proposta não factível, mas que, sem dúvida, é tentadora para atrair eleitores. Como já afirmamos, foi exatemente o que fez o candidato tucano na eleição passada. É Marina seguindo os exemplos da velha política para fazer a nova política?
Como em outras áreas, falta coerência ao projeto de Marina que, alinhada com uma política econômica essencialmente neoliberal, diz achar que é possível implementar uma agenda social extensa e abrangente, como fez, de fato, o PT nos últimos 12 anos. Esqueceram de avisar pra candidata que não dá para ter uma agenda econômica neoliberal e um estado de seguridade social, ao mesmo tempo, especialmente quando as principais diretrizes de seus conselheiros econômicos estão baseadas no corte de gastos sociais, arrocho salarial e desemprego.

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