Imprensa ajudou Alckmin a esconder responsabilidade por crise, diz deputado
Depois de faltar a várias convocações antes de eleição, presidenta da Sabesp vai a CPI e insiste em negar dimensão da crise hídrica no estado
por Redação RBA
Alckmin freou racionamento de água durante período eleitoral |
São Paulo – O governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi “blindado” pela imprensa de suas responsabilidades pela falta da água no estado. A afirmação é do deputado estadual João Paulo Rillo, líder do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Segundo o parlamentar, o governador reeleito no 1º turno sempre negou a maior crise hídrica da história de São Paulo.
“Essa falência do sistema hídrico foi a gota d’água, porque eles faliram a educação, a segurança pública e chegou no abastecimento”, diz Rillo em reportagem de de Anelize Moreira para a Rádio Brasil Atual. O petista ressalta que, durante as eleições, a grande mídia paulista não retratou a situação e, apenas depois de Alckmin ter sido reeleito, noticiou casos de racionamento.
“O governador mentiu descaradamente para ao povo, não explicaram o que estava acontecendo, e agora esse descontrole. Estamos correndo sério risco de passar o natal e o ano novo sem água”, alerta o deputado. A presidenta da Sabesp, Dilma Pena, desmarcou duas vezes ida à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo, que investiga as possíveis responsabilidades do poder público para a crise no estado de São Paulo. Somente depois de Alckmin ter sido reeleito, no último dia 5, Pena prestou depoimento na CPI no dia 8.
A presidente da companhia nega que São Paulo esteja sofrendo racionamento e afirma que apenas 2% da população é afetada com a crise. Dilma Pena respondeu ao vereador tucano Andrea Matarazzo que a investigação não passa de um "teatrinho". As falas foram gravadas e Matarazzo respondeu à dirigente que ela não precisava se preocupar porque, no final das contas, a investigação teria "consequência zero".
Durante o período eleitoral, o governo evitou oficializar o racionamento e a Sabesp passou a utilizar a água do volume morto do reservatório do Sistema Cantareira. Mesmo sem o aval da Agência Nacional de Águas (ANA) e contrariando liminar emitida pela 3ª Varal Federal de Piracicaba, no último dia 9, a companhia continuou retirando a segunda cota do volume morto.
O estado de São Paulo vive a pior escassez de água da história. O Sistema Cantareira, que abastece 9,5 milhões de habitantes da região metropolitana da capital, opera com menos de 4,1% de capacidade. Essa situação passou a comprometer outros sistemas, como é o caso do Alto Tiete, responsável pelo fornecimento para 4 milhões de pessoas.
“A gente sente que a notícia só foi confirmada depois que o governador foi reeleito. Então, poxa, sabiam que tinha o problema e tentaram amenizar isso pela eleição, todo mundo que mora em bairro periférico sente isso”, diz Ana Rossato, moradora da zona leste. “Falam que não tem falta, então como na minha casa não tem? O prédio inteiro não tem água, e isso é revoltante. A gente sabe que a Sabesp não fez as obras que deveria ter feito”, denuncia Melissa Delmon, da zona norte.
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Ouça a reportagem de Anelize Moreira na Rádio Brasil Atual:
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