Garrincha ao TSE: Excelências, os senhores combinaram com os russos?

Autor: Fernando Brito
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Quase todo mundo conhece a história sobre a Copa de 1958 quando, antes do jogo com a poderosa seleção de futebol da União Sociética, o técnico Vicente Feola expunha os planos de um ataque genial, onde Nílton Santos lançaria Mané Garrinha na direita, ele driblaria os beques e cruzaria no centro da área para Mazzola marcar o gol.

Na sua santa ingenuidade, depois que o treinador terminou de falar, Garrincha perguntou:
-Mas, “seu” Feola, o senhor combinou isso com os russos?
A história é para lembrar o tal “pacto de não-agressão” promovido pelo TSE junto aos dois candidatos presidenciais.
Aécio não ataca Dilma e Dilma não ataca Aécio.
Lindo.
Mas os nossos ministros esqueceram de combinar com os russos, como demonstrou a Veja.
Ou com o sistema oligárquico de mídia que, com raríssimas exceções, dedica-se a bater sem dó no Governo, desempenhando o papel de “verdadeira oposição” que, já em 2010, a então presidente da Associação dos (Donos de) Jornal atribuía à imprensa.
É verdade que, pelo nível de desmoralização que esta atingiu, seus efeitos são cada vez menores.
Mas existem e são seríssimos.
E não é só a imprensa.
A parcialidade e o desrespeito aos procedimentos investigatórios são generalizados.
Qualquer policial ou procurador pode vazar o que diz – ou o que se alega ter dito – um bandido que sabe que cada denúncia que faz o deixa mais perto da liberdade, se é para atacar, inclusive da maneira mais vil, a Presidenta e o ex-Presidente da República, sem qualquer prova.
Mas, ficamos sabendo hoje que dorme, desde 29 de novembro de 2012, nas gavetas  da Procuradoria Geral da Justiça os documentos – em papel timbrado e com firma reconhecida – que apontariam a coordenação de Aécio Neves sobre um esquema ilegal de arrecadação de mais de R$ 160 milhões para candidatos do PSDB e seus aliados naquele ano.
A informação é oficial, dada pela Assessoria de Imprensa da PGR, que mais não diz, alegando sigilo de Justiça sobre o inquérito.
Quase dois anos e ninguém sabe e nem sequer um documento desta gravidade nem sequer é confirmado como verdadeiro ou descartado como falso?
Imaginem se houvesse uma “Veja do PT” que lançasse uma bomba destas a três dias das eleições, sem checar a veracidade da denúncia, que só agora é do conhecimento (de parte) do público porque um blog a publicou?
Seria absurdo, não é?
E é, quando é do outro lado, mas isso é saudade do como “liberdade de imprensa”.
Recomendo, portanto, aos senhores Ministros do TSE que, ao defenderem estes “modos civilizados” para um processo eleitoral não esqueçam de incluir neles os “russos” do Partido da Mídia.
Ou vão fazer papel de bobos, como ficou Feola depois da pergunta de Garrincha.

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