Folha esconde incerteza sobre eleição de Alckmin no 1º turno

Faltando quatro dias para as urnas, ainda há uma diferença gigantesca entre intenções de votos espontâneas e estimuladas para governador de São Paulo, mas jornal sustenta clima de 'já ganhou'
Alckmin
Análises dos números do Datafolha mostra que vitória de Alckmin pode não acontecer no primeiro turno

por Helena Sthephonowitz, para a Rede Brasil Atual 

Quanto mais próximo do dia da eleição, mais as pesquisas registram proximidade entre os números de intenções de votos espontânea e estimulada. É o que ocorre na eleição presidencial, mas faltando quatro dias para irmos às urnas, ainda há uma diferença gigantesca entre intenções de votos espontânea e estimulada para governador de São Paulo, sobretudo no caso de Geraldo Alckmin (PSDB).

Na última pesquisa Datafolha para presidente, fechada no dia 30 de setembro, a diferença entre intenções de voto espontâneo e estimulado é pequena. Dilma Rousseff (PT) tem 35% na espontânea e 40% na estimulada. Marina Silva (PSB), 20% na espontânea e 25% na estimulada. Aécio Neves (PSDB), 16% na espontânea e 20% na estimulada. Todos os candidatos tem um acréscimo que não passa de cinco pontos.
Já na pesquisa para governador de São Paulo, feita pelo mesmo instituto Datafolha, também fechada no dia 30, Geraldo Alckmin tem 31% na espontânea e dá um incrível salto para 49% na estimulada. Os números respectivos de Paulo Skaf (PMDB) são 14% e 23%, e os de Alexandre Padilha (PT) são de 5% e 10%.
Pesquisa espontânea é aquela em que apenas se pergunta ao pesquisado em quem irá votar sem citar nenhum nome de candidato. Só quem tem candidato definido responde. É um voto consolidado que dificilmente muda. Já a pesquisa estimulada mostra um disco ao eleitor com os nomes de todos os candidatos em disputa, sem opção de voto nulo, para o eleitor escolher um deles.
Logo, o eleitor pesquisado é induzido a escolher um nome, mesmo que não tenha decidido ainda ou que não pretenda votar. A pesquisa estimulada serve para indicar tendência, para onde penderia os indecisos, mas faltando quatro dias para a eleição pode-se afirmar que a diferença entre a pesquisa espontânea e a estimulada é um voto volátil, que pode mudar, que ainda está em disputa, que "não tem dono".
É verdade que estatisticamente em eleições passadas os votos de indecisos costumam se distribuir proporcionalmente às intenções de votos dos candidatos. Mas estamos diante de um fenômeno diferente de eleições passadas. Faltando quatro dias para as eleições, 36% dos pesquisados dizem ainda não ter candidato a governador em São Paulo quando a pesquisa é espontânea.
Na sondagem para presidente também há 22% que disseram espontaneamente não saber ainda em quem votar. Há mais 5% que declaram votar nulo ou em branco. Mas neste caso o desinteresse do eleitor bate com o percentual de abstenção, brancos e nulos observado na eleição de 2010 (pouco mais de 26%). Enquanto na sondagem para governador de São Paulo o número ultrapassa 10 pontos.
Se depender das pesquisas, Alckmin é favorito, sem dúvida, mas é menos favorito do que a pesquisa estimulada que aparece com destaque nas manchetes dos jornais e TVs aparenta. E há maior probabilidade do que parece de haver segundo turno, com o alto número de 36% de eleitores que irão decidir seu voto de última hora. O número de indecisos nesta altura do campeonato, talvez, seja inédito em eleições para o governo paulista, pelo menos no passado recente.
Curioso o jornal Folha de S. Paulo esconder os números da pesquisa espontânea e só mostrar a estimulada na hora de dar a notícia. Já o portal G1 publicou os dois resultados.
Assim, a Folha está fazendo o jogo da campanha de Alckmin, que deseja criar um clima de "já ganhou", inclusive desmotivando a militância de outros candidatos. O jornal esconde que ainda existem mais votos em disputa de última hora do que o percentual que o governador tucano tem consolidado, deixando a eleição paulista ainda em aberto.

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