Evo reeleito: ‘Pátria sim, colônia não!’



ABr
Presidente boliviano supera os 60% e governará país até 2020; de acordo com Morales, contundente participação democrática representou “um triunfo da nacionalização contra a privatização”
14/10/2014
Por Leonardo Severo e Felipe Bianchi
De La Paz (Bolívia)
“Irmãos e irmãs, obrigado pelo no­vo triunfo. Seguimos crescendo nesta sé­tima vitória, com mais de 60% dos votos [o principal opositor de Evo, Samuel Do­ria Medina obteve cerca de 25%]. Este é um triunfo dos anticapitalistas e dos an­ticolonialistas contra o império estaduni­dense”, afirmou o presidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, saudando a mul­tidão concentrada em frente ao Palácio Quemado na noite do último dia 12.

Em meio a um mar de bandeiras do MAS (Movimento ao Socialismo), fai­xas de apoio (inclusive chilenas) à saída ao mar para a Bolívia e cartazes de Che Guevara, Evo frisou que a contundente participação democrática representou “um triunfo da nacionalização contra a privatização”. O movimento elegeu 24 dentre 36 senadores e 60 de 130 depu­tados, conforme os resultados extra-ofi­ciais divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral.
“Pátria sim, colônia não!”, enfatizou Evo, frisando que o povo boliviano ex­pressou massivamente que não aceita “se somar à Aliança do Pacífico, que sig­nifica livre mercado para as políticas do Consenso de Washington, para o retorno da Alca (Acordo de Livre Comércio das Américas) e para a privatização dos ser­viços básicos”.
“Para nós, os serviços básicos são direi­tos humanos e não das transnacionais”, emendou Evo, lembrando que, “como di­zia o subcomandante Marcos [do Exérci­to Zapatista mexicano], é preciso gover­nar obedecendo o povo”.
Pensamento pequeno
Evo reiterou a importância das ações conjuntas com a Central Operária Boli­viana (COB) e com os movimentos so­ciais para fazer o país avançar no cami­nho da justiça e do desenvolvimento, e condenou a “submissão política, ideoló­gica e cultural” da oposição, que sempre pensa pequeno, lembrando que a direi­ta se contrapôs à construção do satélite de comunicação Túpac Katari, pois dizia que isso era para “países desenvolvidos, como os da Europa e os Estados Unidos”.
“Da mesma forma, quando pensamos no investimento em energia nuclear pa­ra fins pacíficos ou em converter a Bolí­via em centro energético da América do Sul, diziam que isso não era para um país como o nosso”, acrescentou.
Recém-eleita, a deputada Brígida Qui­roga, também do MAS, disse que a vota­ção recebida por Evo reflete o “imenso apoio das bases ao projeto de naciona­lização e industrialização, que vem re­volucionando a Bolívia, empoderando o povo e redistribuindo renda”. A pre­sidenta do Sindicato dos Trabalhadores Único em Educação de Minas (Sind-U­TE), Beatriz Cerqueira (Bia), que repre­sentou o Brasil como observadora in­ternacional, considera que “a eleição de Evo foi muito importante para todos os latino-americanos”.
Para Bia, “a vitória expressa a profun­da sintonia do governo boliviano com o povo”, de maneira que ela espera que, nos próximos cinco anos, “os nossos la­ços políticos, culturais e sindicais se es­treitem cada vez mais”.

Comentários