Depois da Folha, Estadão também descobre que água de SP está por dias…Não espalhem…

Autor: Fernando Brito
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Existe algo pior que a falta de chuvas em São Paulo.
É a sua imprensa.
O Estadão, em sua página 21, sem uma mísera linha de chamada na capa dá a seguinte “noticiazinha”, de somenos importância para a população:
Asssim, discretamente. A foto nem é do jornal impresso, tirei da internet.

Há três dias – e a mais de 400 quilômetros de distância – este blog havia dito que “o reservatório do Atibainha, de onde está vindo toda a água retirada hoje do Sistema Cantareira, tem míseros 60 centímetros – três palmos! – de água, até que seja atingida a cota mínima – já com todo o bombeamento – de 777 metros sobre o nível do mar. Nove bilhões de litros, água para seis dias, no ritmo atual de retirada.”
E ainda tem cinco – ou quatro, porque esta conta é de ontem –  porque a Sabesp voltou a retirar água do reservatório do Jacareí, onde, também dizia o post, as comportas haviam sido completamente fechadas há dez dias, sem que isso implicasse uma recuperação de sua situação caótica.
Não quer dizer que São Paulo vá ficar sem água na semana que vem, porque há “restinhos” a tirar do Jacareí (em tese, mas muito “em tese”, porque o empoçamento é imenso, 35 bilhões de litros e mais uma parte do pequeno reservatório de Cachoeira, que não pode esvaziar porque interromperia o fluxo de água daquele.
Está tudo na “rapa do tacho”, uma irresponsabilidade inacreditável com, palavras do Estadão, com “o abastecimento de água de 6,5 milhões de habitantes da Grande São Paulo que ainda dependem do Sistema Cantareira”.
Tudo agora é tecnicamente difícil, porque as represas chegaram a um ponto em que não se pode ter mais planejamento, apenas improvisos. Ter alguma água não quer dizer que essa água possa ser captada, porque tudo virou um lodaçal.
Vejam o que diz a matéria:
“O Estado apurou que há três semanas a Sabesp estava com dificuldade de captar o volume morto na região por causa da seca, que fez das represas um córrego. A Sabesp afirmou que fazia manutenção no sistema. Nesta quinta, as bombas foram religadas”.
É, simplesmente, mentira da Sabesp a tal história de “manutenção” das bombas.
Desde o dia 19 elas pararam de tirar água do Jacareí porque o “córrego” que ele virou não tinha mais profundidade operacional, por conta da necessidade de dragar canais para verter a água “empoçada” em áreas que foram ficando isoladas do ponto de captação.
Nestes pouco mais de 20 dias, só o que se conseguiu, com as comportas fechadas, foram aqueles 4 bilhões de litros e 25 centímetros de elevação no nível das águas.
A tal “segunda cota” do volume morto, aliás, consiste na instalação de bombas, que está sendo feita, para sugar a água da maior daquelas poças, distante do ponto de captação normal, onde a água já não chega.
O cinismo do governador, porém, é tanto que, dia 29, chegou a dizer que “talvez nem precise” apelar para a poça restante.
Parece não haver limites nem para a loucura eleitoreira de Geraldo Alckmin nem para a cumplicidade dos jornais paulistas, que sabem que o racionamento começará logo após as eleições.
É quando surgirá o que aparece em qualquer imagem das represas do Cantareira: lama.

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