Bancas de jornal vendem e exibem “material de campanha” de Aécio

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Por Luiz Carlos Azenha
A campanha nas bancas de jornal agora é total. Uma verdadeira blitzkrieg. A ponto de a IstoÉ Dinheiropretender transformar uma das virtudes do governo Dilma, a baixa taxa de desemprego, em um problema: “Desemprego, o monstro acordou”.
Além de atacar, na sua versão semanal, de “Campanha de Dilma sob suspeita”; “3% eram para o PT”.
Mas a Época e a Veja trazem uma nova nuance da campanha midiática, que se estende aos estúdios de rádio e televisão.
Aécio Neves, o “candidato de centro”.

Ambas deixaram o chamado “Petrolão” como sub-manchete, para propagandear na capa um candidato que não é mais de direita.
No conjunto, fica assim: enquanto Dilma é criminalizada, Aécio é apresentado como estadista.
Curiosamente, frases inteiras das entrevistas do tucano foram reproduzidas nas capas de Veja e Época.
Por que?
Em minha modesta opinião, porque aqueles cartazes gigantes que promovem a venda das duas revistas ficam pendurados nas bancas e se convertem em verdadeiros outdoors de Aécio para os que estão de passagem e não são assinantes.
Com isso, as bancas se convertem em verdadeiros centros irradiadores da campanha tucana.
Primeiro, três pesquisas fajutas, reproduzidas na blogosfera dantesca e no horário eleitoral dos tucanos, dão Aécio como virtualmente eleito.
Veja, por exemplo, diz na capa que Aécio “ganhou 30 milhões de votos de uma hora para outra”.
Depois do “fato consumado”– a vitória líquida e certa de Aécio — vem o programa de governo do presidente eleito, nas entrevistas.
É o candidato “de centro”.
– “Bolsa Família não é favor de partido político. É dever do Estado. No meu governo ela será mantida, melhorada e, se preciso, ampliada”;
– “O meu vai ser o governo dos pobres”;
– “Não me sinto obrigado, se ganhar a eleição, a disputar um segundo mandato”;
– “Vou acabar com as boquinhas do PT. Dá para cortar um terço dos cargos comissionados”;
– “Qualquer discriminação deve ser tratada como crime, homofobia também”;
– “(A Petrobras) paralisará o atual governo, se ele vencer”.
Estas últimas cinco frases couberam na capa de Época, das Organizações Globo, a mesma que propagandeou a primeira pesquisa fradulenta, do Instituto Veritá.
Vendem a ideia de Aécio o amigo dos homossexuais, que tem despreendimento em relação ao poder e sensibilidade social. Ah, sim, também quer acabar com as “boquinhas” do PT, ele que aos 25 anos de idade já era diretor da Caixa Econômica Federal no governo Sarney, indicado pelo primo, o ministro da Fazenda Francisco Dornelles.
Aécio Neves que, aos 17 anos de idade, aparece no site da Câmara dos Deputados como assessor parlamentar:
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13 de outubro de 2014 • 18h04
Aécio ocupou cargo na Câmara aos 17 anos mesmo morando no RJ
Tem circulado na última semana nas redes sociais a informação de que o candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) ocupou um cargo de secretário de gabinete parlamentar na Câmara dos Deputados entre 1977 e 1981, portanto, quando o mineiro tinha entre 17 e 21 anos e, segundo sua biografia oficial, morava no Rio de Janeiro.
Em sua biografia, porém, o candidato cita seus primeiros passos na política em 1981, quando foi convidado pelo avô, Tancredo Neves, para trabalhar em sua campanha para governador de Minas Gerais.
Segundo o site de sua campanha, aos 10 anos, Aécio se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a adolescência e o início da vida adulta. Informação conflitante com o site da Câmara dos Deputados, que confirma Aécio como secretário de gabinete parlamentar entre 1977 e 1981, antes de se tornar secretário particular de Tancredo, mesmo não morando em Brasília.
O período conflitante da biografia do candidato coincide com o intervalo de tempo em que o pai de Aécio, Aécio Cunha, atuou como deputado federal pela Arena (1963 – 1979) e pelo PDS (1983-1987), partidos de apoio ao regime militar.
O Terra entrou em contato com a assessoria de imprensa de Aécio Neves, que não havia se posicionado até a publicação da matéria.

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