Aécio acusa o PT de tentativa de censura. Enquanto isso, jornalista revela como funciona a censura tucana à imprensa mineira



O candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, acusou o PT de tentar censurar reportagem caluniosa da revista Veja, que acusa  Lula e  Dilma de terem conhecimento do esquema de pagamento de propinas na Petrobras. O engraçado – se não fosse tão grave – é que a acusação de censura parte de um político que montou uma das mais eficientes máquinas de censura em funcionamento no Brasil, como veremos a seguir.
Principal parente empregada por Aécio no governo de Minas Gerais, a primeira­irmã Andrea Neves comandou com mão de ferro a imprensa do estado. A censura dos Neves funciona em duas vias: terror e recompensa. Ou seja: demissão (ou até prisão) para jornalistas “rebeldes”, gordas verbas publicitárias para veículos de comunicação amigos.

Nas gestões de Aécio Neves e de seu sucessor, Antonio Anastasia, matérias “negativas” sobre o governo foram rigorosamente proibidas. A pressão sobre a mídia, exercida principalmente por Andrea Neves — irmã de Aécio e responsável pela comunicação –, foi retratada em dois documentários: “Liberdade, Essa Palavra” e “Gagged in Brazil” (“Amordaçados no Brasil”), cujas versões originais foram estranhamente retiradas do YouTube, contra a vontade de seus autores.
Mas, como a internet é livre e democrática, você ainda pode assistí-los aqui(link is external) e aqui(link is external)
Diante da censura e do receio de demissão, os jornalistas mineiros encontraram uma única maneira de divulgar a verdade sobre o desgoverno tucano: o “tráfico de reportagens”, que consiste em repassar denúncias apuradas contra o governo do estado a órgãos de imprensa do Rio e de São Paulo. É o que conta a repórter LVC, que trabalha numa grande publicação da imprensa mineira, em relato ao blog Diário do Centro do Mundo(link is external).
Os principais trechos do relato:
A gente já sabia de muitas dessas histórias, hoje conhecidas, há muito tempo. O aeroporto de Cláudio, o nepotismo, os problemas na educação...
No caso do aeroporto de Cláudio, nós sabíamos da obra há anos. A novidade, para nós, foi que a chave ficava com o tio­-avô de Aécio, o Múcio. Isso porque nunca pudemos investigar nada in loco. Nem pensar em ir até Cláudio.
Quando o Aécio foi pego no bafômetro no Rio, saiu nota de pé de página só porque o clamor foi enorme.
Há orientações sobre fotos. As de Dilma têm de ser fechadas nela e, de preferência, ela não pode aparecer sorrindo. Depois que votou em Porto Alegre no primeiro turno, por exemplo, ela foi para a casa do ex-­marido, o Carlos Araújo. O neto apareceu lá. Foi proibida a publicação da foto dela com o menino.
Uma vez, a oposição estava reclamando que Aécio estava passando tempo demais no Rio de Janeiro. O Estado de Minas [maior jornal do estado] fez uma foto dele, de manhã cedo, no Palácio da Liberdade, para dar a impressão de que trabalhava muito.
Com a candidatura do Aécio, o Estado de Minas passou a dar du as manchetes de política. São sempre favoráveis a ele. Toda a imprensa mineira funciona assim.
Não há condições de continuar assim por muito tempo. O Aécio não aceita a mínima crítica. Tudo é controlado. Essa censura vale até para assuntos corriqueiros, coisas com que qualquer governante tem de lidar. Nem as greves de professores são repercutidas.
Não há condições de continuar assim por muito tempo. O Aécio não aceita a mínima crítica. Tudo é controlado.

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