Debate entre candidatos ao governo de SP é marcado por ataques a Alckmin

Penúltimo embate antes das eleições, promovido pela Record, segue roteiro previsível. Ao menos quatro pretendentes ao Palácio dos Bandeirantes disparam contra governador
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Candidatos a governador de São Paulo na TV Record. Ataques a Alckmin dominaram a cena
por Redação RBA

São Paulo – O penúltimo debate dos candidatos ao governo do estado de São Paulo, realizado ontem (26) pela TV Record, entrou pela madrugada com ataques ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), que busca mais quatro anos à frente do Palácio dos Bandeirantes. O tucano foi bombardeado intensamente por quatro adversários: Paulo Skaf (PMDB), Alexandre Padilha (PT), Gilberto Maringoni (Psol) e Laércio Benko (PHS), que criticaram resultados da gestão em segurança pública, abastecimento de água, transporte público, saúde e educação.

Segundo a RBA apurou com auxiliares das campanhas, no estúdio da Record, a estratégia de Skaf e Padilha foi delineada antes do início do programa. A rispidez contra Alckmin foi inspirada nos recentes resultados da campanha presidencial. Na avaliação dos assessores, a agressividade de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) contra Marina Silva (PSB), que vinha se destacando nas pesquisas, tem sido a grande responsável pela queda no desempenho da ex-ministra do Meio Ambiente nos levantamentos de Ibope e Datafolha.
Na plateia, os tucanos José Aníbal, Duarte Nogueira e o candidato do PSDB ao Senado, José Serra, que chegou atrasado, prestigiaram Alckmin. Do lado do PT, Celso Frateschi e o senador Eduardo Suplicy, candidato à reeleição, além de Edi Santos Lopes, da CUT, apoiaram Alexandre Padilha. Após o encerramento do programa, a RBA presenciou Suplicy "pedindo desculpas" ao governador de São Paulo pela agressividade de seu correligionário.
“Sempre defendi que o governador deve ser tratado com toda gentileza”, manifestou o parlamentar petista, que tenta seu quarto mandato ao Senado, arrancando palavras simpáticas do tucano. “É muito importante que haja diálogo com o governo de São Paulo, porque há questões importantes para serem discutidas com o governo federal, inclusive a renegociação da dívida dos estados e municípios.”
O primeiro bloco iniciou-se com Benko atacando Skaf por sua filiação partidária. “O senhor está junto com José Sarney e Renan Calheiros, e esconde seus aliados nas eleições para o Senado, Gilberto Kassab (PSD), e para a Presidência da República, Dilma Rousseff”, afirmou o candidato do PHS, que é vereador na capital. Seu adversário respondeu que está filiado ao PMDB há três anos e que resolveu entrar para a política depois de passar muito tempo apenas reclamando dos governantes. “Estou trazendo toda minha experiência empresarial.”
Ao receber uma pergunta de Gilberto Natalini (PV) sobre poluição atmosférica, Padilha afirmou que investirá pesado na construção de metrôs em São Paulo, com obras mais rápidas, para transformar a matriz energética baseada em combustíveis fósseis. E aproveitou para rebater denúncias realizadas pelo programa eleitoral de Alckmin contra seu desempenho como ministro da Saúde. “O senhor usou atores para fazer ataques que não são verdadeiros. Foi o senhor que fechou hospitais em São Paulo, o povo de Diadema e Osasco sabe disso.”
Depois, Gilberto Maringoni (Psol) lembrou dois episódios de violência policial ocorridos na semana passada contra sem-tetos de uma ocupação no centro da capital e contra camelôs na Lapa, zona oeste da cidade, resultando no assassinato à queima-roupa de um trabalhador pela PM. “A polícia precisa ser menos violenta e não tratar os cidadãos como inimigos”, anotou, ressaltando a necessidade de uma política habitacional. “Cerca de 30% dos imóveis da capital estão desocupados, contra a Constituição e o Estatuto das Cidades.”

Seca

A crise hídrica estadual, uma realidade nas torneiras da capital e de cidades como Itu (SP), foi abordada graças à intervenção de Maringoni. Tanto o candidato do Psol, como Benko, do PHS, criticaram a venda de 49% das ações da Sabesp na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos, e responsabilizaram a privatização da companhia de saneamento básico de São Paulo como uma das principais razões para a iminente falta d'água. “Água é um direito, não um produto”, definiu Benko.
Ao responder as críticas, Alckmin usou argumentos bastante conhecidos. “Estamos enfrentando a maior seca dos últimos 84 anos com obras, investimentos e uso racional da água. Investimos R$ 9 bilhões, terminamos o inverno sem falta d'água e estamos preparados para os próximos meses”, garantiu o governador. “Estamos trazendo água de São Lourenço (SP), e temos uma grande reserva técnica para usar caso seja necessário.”
No segundo bloco, com perguntas dos jornalistas da Record, Alckmin defendeu a política de segurança pública que vem executando em São Paulo. Comemorou que seus homens são os que “mais prendem” em todo o país e disparou cifras sobre redução de homicídios e efetivo policial nas ruas. “Aqui, a polícia trabalha”, atestou, sendo prontamente rebatido por Skaf, que criticou a construção de presídios no interior.
Ao comentar os índices de violência, Padilha prometeu que contará com o apoio da presidenta Dilma Rouseff, candidata à reeleição, para trazer a Força Nacional e, por outro lado, tomar medidas para acabar com o que chamou de “festa do uso de celulares nos presídios”. O petista disse ainda que combaterá financeiramente as facções. “Onde o PSDB levou presídio, vou levar escola técnica e CEU da juventude”, concluiu.
Natalini, do PV, se comprometeu com investimentos na prevenção do crime, com programas de cultura, lazer e esporte para os jovens. “Em segurança pública, antes da polícia, que é importante, precisamos preencher as distâncias sociais que existem entre os que têm oportunidades e os que não têm”, afirmou.
No terceiro bloco, Skaf voltou ao tema da segurança pública, ressaltando a violência contra as mulheres e citando taxas de ocorrência de estupros. Em resposta, Padilha afirmou que fará com que as delegacias de mulheres funcionem 24 horas por dia, “porque hoje fecham aos finais de semana”. Em seguida, o candidato do PT classificou como “uma vergonha” a maneira como o governo do estado trata pessoas com deficiência em São Paulo e anunciou que, caso seja eleito, fará melhorias para os portadores de necessidades especiais.

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